Cliquem nos vídeos abaixo!! Tem filme das estrepulias de hoje!!!
Depois de um dia de ressaca de estrada, que eu mal podia olhar para a moto, e uma tarde com uma revigorante chuva, o dia amanhece muito ensolarado e as oito a temperatura já esta nos 30 de novo.
Como moto não combina com vinho, o tradicional programa de visitar vinícolas está fora de questão. Fazendo a famosa pergunta: “o que tem de interessante por aqui?” tive a certeza de que "da hora" seria ir visitar o Hotel de Villavivencio, uma espécie de Hotel Toriba encrustado na serra de Paramillos. Fechado ha anos por conta de disputas judiciais.
A Cordilheira de Paramillos faz parte dos Andes, é uma das várias serras menores que correm paralelas à cordilheira principal e entre estes existe um vale desértico, alto, e com alguns oásis. No século XIX este serra forneceu ferro, cobre e prata. Portanto existiram várias vilas e muitos caminhos. Este vale traz algumas curiosidades, é o inicio do que mais ao norte se chama de Atacama e foi em uma fazenda aqui que o filme “ Sete anos no Tibet” foi filmado.
Seria meu primeiro contato mais íntimo com a cordilheira, meus primeiros quilometros de rípio e minhas surpresas com o clima.
Seria meu primeiro contato mais íntimo com a cordilheira, meus primeiros quilometros de rípio e minhas surpresas com o clima.
Serra de Paramillos ao fundo
A camera finalmente funciona!!! divirtam-se com o filme de hoje!
Fim do asfalto...
O caminho parecia fácil e todos me disseram que não trazia dificuldade nenhuma. Saída é pelo norte da cidade, em uma pista de concreto que vai subindo lentamente da cidade ( a 750m) até o pe da serra a 1100m. A paisagem é linda e o azul do céu impressiona.
Parei por um instante para acertar algo que me incomodava em um dos bolsos, deliguei o motor e desci da moto. Eis que fui tomado pela a primeira revelação: a amplitude, o silencio e Intí brilhando em um céu absurdamente azul.
Parei por um instante para acertar algo que me incomodava em um dos bolsos, deliguei o motor e desci da moto. Eis que fui tomado pela a primeira revelação: a amplitude, o silencio e Intí brilhando em um céu absurdamente azul.
VAAAALEU NELSON!!!!
Companheiros de descobrimento!! Gente muiiiito legal!!! legal saber que eles vinham depois de mim... |
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A medida que subo em direção ao hotel, a estada se estreita e o pavimento desaparece exatamente na portaria do hotel, a 2.200m de altitude. O engraçado foi saber que o lugar está fechado, pude entrar a pé sem tirar fotos, só para constatar que o lugar é beeem mixo. Esqueçamos o hotel e vamos aproveitar o resto do dia e a maravilhosa serra.
A estrada vai subindo, íngreme e estreita. Para andar no Rípio, o truque é baixar a pressão dos pneus, soltar a suspensão e a moto fica muito mais estável e segura, mesmo assim a velocidade média é de 23km\h. Neste trecho eu aprendi o quanto que eu não sei andar em rípio... estava totalmente tenso e tomei alguns sustos! A estrada estreita ainda mais antes de chegar ao planalto no cume a 2.950m, o ponto mais alto da estrada, e o máximo que eu já subira até agora de moto. Havia umas placas indicando uns mirantes. Por segurança eu não quis seguir o caminho aos mirantes. Lá em cima, confortáveis 22 graus e um vento constante.
No topo da estrada...Chegando neste lugar eu passei em uma vala de areia fofa e quase caí! Mal recuperado do susto, quase sou abarroado por tres Guanacos... até tirar e ligar a camera eles estavam longe, são grandes e velozes.
Após vencer o cume do morro, eu tenho a primeira visão da cordilheira principal: foi chocante.
As fotos não descrevem a sensação!!!
As fotos não descrevem a sensação!!!
O tamanho, a extensão, a imponência, os picos de neve... achei extremamente curioso o céu cheio de cumulus e algumas trombas de água.
Abaixo: Minha primeira impressão do corpo central da cordilheira dos Andes e a tempestade que se forma.
Vai chover...
.... mas chove em deserto?????
Dá para ouvir cada P trovoada...
Algumas surpresas legais: Guanacos passando na minha frente e a visão da cordilheira e do vale, sem contar as estradas mais largas e seguras. Na descida, 18km antes de Uspallata o asfalto recomeça e é hora de re encher os pneus.
Hora de descanso e de re-calibrar os pneus, repare no compressor no pneu dianteiro.
Cada coisa aqui, cada lugar tem sua própria beleza.
Tempestade se forma no vale.
A previsão para hoje era de chuva em Mendoza, mas o que eu via era bem maior que isto. Uma grande tempestade sobre os picos mais altos e nuvens carregadas e pretas cobrindo o vale. Como não se tem ruído algum, os trovoes ecoam de longe e você ouve a todos eles, em todos os cantos. Passo por Uspallata, onde se entra sentido sul e imediatamente tomo o caminho para Calingasta, bem ao norte. Fiz isto por dois motivos, primeiro fugir da chuva que já castigava a parte sul, e depois entrar ainda mais no vale, conhecer mais o lugar. Eu estava hipnotizado por tudo aquilo!!!
A estrada pavimentada durou somente uns 50km. Neste ponto, como eu não estava com vontade de andar mais 110km de rípio até Calingasta, parei no final do asfalto e me sentei, olhando a chuva acontecer ao sul.
Ao norte, onde o asfalto acabou...
2.312 m de altitude, 14:56. O para brisas ainda cheio dos insetos doo dias anteriores e os trovões rugindo ao sul |
A boa vida durou pouco, coisa de uns trinta minutos depois, depois da maçã e da água, a chuva virou de direção e veio para o nordeste, onde eu estava... já que é para me molhar, vou fazer isto voltando para o sul, voltando para o hotel em Mendoza (ainda 170km).
A chuva me pegou, divertido foi tomar granizo de moto, ver o tamanho das enxurradas no deserto e sentir como a temperatura despencou de 32 para 16 em coisa de uns cinco minutos. Para não me ensopar, congelar e nem morrer de fome, parei em um restaurante de beira de estrada, o melhor e... o ... único que tinha...
Fui muitíssimo bem atendido, comi bem e quando fui buscar umas coisas na moto descubro que a temperatura esta em 11 graus!!! E as minhas roupas quentinhas no hotel... arrumei um canto para uma sesta até a chuva passar.
Se voce está pensando em fazer uma viagem desta, primeiro precisa aprender a dormir ( ...e sonhar...) na cadeira do restaurante, do posto policial, embaixo de árvore...
Se voce está pensando em fazer uma viagem desta, primeiro precisa aprender a dormir ( ...e sonhar...) na cadeira do restaurante, do posto policial, embaixo de árvore...
Comida e soneca... lá fora 11 graus...
A estrada do restaurante até o hotel á a mesma que eu faço amanha para sair daqui e ir ao Chile, só 380km em um dia, fácil mas eu quero fazer com calma este trecho especial. Preciso sair mais cedo para não ser pego pelas chuvas da tarde. Eu tenho tempo, posso ficar em algum dos vários hotéis na cordilheira caso chova, existe até um spa legal no caminho. O spa foi soterrado por uma avalanche... veja depois...
As malas estão prontas, a câmeras carregadas e vamos lá!!