Eu sabia que este dia seria longo e cansativo...
Acordei muito cedo e entusiasmado! Fui o primeiro hóspede no café da manha, tomei emprestado do farto buffet tudo o que eu consegui carregar. Uns sanduíches bem gordos, frutas e até um iogurte. Principalmente suco de laranja gelado inaugurando a queridíssima garrafa termica de aço!
Fiz os procedimentos de check out, montei a mala que restava e pulei em cima da Rocinante... Mal podia esperar para chegar à Tierra del Tetazo!!
Acima: No estacionamento do hotel... beeem cedo, antes do café da manha... |
Acima: transito movimentado... o pouco de céu azul logo sumiu! |
Como veremos eu planejei muitas etapas por estradas dificeis no terrível Ripio, então desta vez estava com um jogo de pneus médios para asfalto e bons para terra.
O preço a ser pago é mais instabilidade e ruído no asfalto. Se o preço a ser pago é somente mais instabilidade e ruído no asfalto eu estaria feliz...
Acima: Adeus Porto Alegre! transito de uma manha de dia útil ao cruzar a querida ponte do Guaíba. |
Por volta de sete e meia da manha eu cruzei a ponte pelo rio Guaíba, o céu estava coberto por nuvens baixas e estava quente, 26°C. Alguns km depois eu tomo a saída pela direita, sentido à Encruzilhada do Sul (BR290 - vide 26 de agosto de 2012).
Acima: Eta estradinha difici!!! Lotada, estreita, sem as faixas. Estava chuviscando e sem cores....
Nesta viagem eu tenho dinheiro e tempo contados. Nada de passar lindos dias andando lentamente pelo Chuí, por Puta del Este e pelo querido Uruguay. Portanto eu resolvi seguir via Uruguaiana entrando na Argentina em Paso de los Libres, onde estive em 1997.
O problema é que para manter a integridade destes estranhos pneus eu devo evitar velocidades acima 120kmh. O que torna as etapas de deslocamento uma maratona sem fim !
Estes pneus são minha aposta para conseguir
cumprir longas etapas em rípio. Se chover ficarei mais feliz: os pneus no molhado se desgastam menos porque trabalham mais frios. Mais uma variável para ter que administrar...
Acima: Uma linda manha... Pneus esquisitos. Transito, carretas, chuva e estrada estreita... |
O caminho que vai a Uruguaiana pelo interior do Rio Grande do Sul, via São Gabriel e Rosário do Sul é lindo! Isto em um dia de sol... o tempo foi se fechando e por volta das 08:45 começou uma chuva que não me molhava muito, mas deixou o asfalto ensopado, o que foi ótimo!
O transito foi intenso até 220km depois de Porto Alegre. A minha media horaria foi de cerca de 84km/h, bem abaixo dos 95 planejados.
Apesar dos novos (e estranhos) pneus, a viagem foi gostosa. O clima era quase o que eu esperava, as nuvens se dissipariam a partir das 12:00 e lá pelas 16:00 a chuva iria engrossar.
Realmente era uma linda ideia seguir via Uruguaiana. É um caminho muito legal, muito fácil e confortável mas que mostrava nuvens muito pretas e chuva em seu horizonte. Eu estava começando a ficar sem bom humor para chuva e piso molhado.
Passados 370km, parei para água e alguma comidinha antes da entrada da cidade de Rosario do sul. Só um surdo não via que o ceu se abriu para o sul e para onde fica a fronteira uruguaya, mas o caminho para Uruguaiana (que fica no Brasil, fronteira com Argentina) estava beeeem sombrio e molhado.
Passados 370km, parei para água e alguma comidinha antes da entrada da cidade de Rosario do sul. Só um surdo não via que o ceu se abriu para o sul e para onde fica a fronteira uruguaya, mas o caminho para Uruguaiana (que fica no Brasil, fronteira com Argentina) estava beeeem sombrio e molhado.
Acima: Olhando para o sul, repare no pouco mas convidativo céu azul para o sul, rumo Rivera. |
Até então foi tudo tão tranquilo que eu resolvi inserir um pouco de “inesperado e não planejado” no molho deste dia.
Até o confortável hotel em Uruguaiana seriam mais fáceis 285 km, coisa de tres horas, seria muita moleza (apesar da chuva...). Resolvi sofrer um pouco e seguir para Santana do Livramento, atravessar a fronteira em Rivera e me embrenhar do pampa Uruguayo. Mal pus o pé na estrada e já estava procurando sarna para me coçar.
A estrada rumo sul estava seca, quase ensolarada e quente. Foram gostosos 80km até a proxima cidade, fronteria com o sonolento Uruguay.
Rivera é talvez a cidade mais alta daquele pequeno e simpático país, fica em uma região de montanhas arredondadas a 250m de altitude (tão montanhosa como Itatiba SP...) é também um porto livre e agora a cidade está coalhada de lojinhas tentadoras e grandes dutty free. Cheguei na cidade eram 13:40.
O centro da cidade continua bem pobre e desorganizado. Transito meio caótico.
Acima: Balcão que reúne as duas aduanas.
A aduana não fica mais no pequeno edificio verde na praça central, agora fica instalada dentro de um shopping Dutty free! Bem conveniente: entre no país e gaste na linda loja.
Foi muito difícil conter os impulsos consumistas. A parte chata foi carregar a mala central... ela fica presa na moto com travas sem a menor resistência a curiosos e amigos do alheio, portanto a levei para a aduana.
Feitos os procedimento de saída (uma velhota chata e ranzinza) e de entrada (uma moçada alegre e educada), resolvi brindar a loja de dutty free com minha presença... Eu resisti: saí de lá só com uma lanterna (tenho mania delas), um protetor solar e umas comidinhas extremamente saudáveis e nutritivas.
Comi na praça de alimentação e às 15:00 estava na Rocinante para a terceira de 4 etapas daquele dia.
Mas antes tive que passar no centro da cidade para comprar um ridiculo jaleco reflexivo que a policia caminera exige. Vesti o tal jaleco cor de limão siciliano e saí por aí com ele tremulando nas minhas costas.... tipo priscila-rainha-dos-pampas...
Segui em direção sul, pela ótima Ruta 5 que passa por grandes plantações de Pinus. Sol e 30 graus, um trecho vazio, gostoso e relaxante. Segui o caminho por somente 115km (exatamente uma hora) até a capital da província de Tacuarembó... Por onde passei ha dezenove anos, o lugar continua o mesmo...
Acima: Divisa entre os países!!! entrando em Rivera, agora com sol.
Este pedaço eu já conhecia, em junho de 1997 eu e um amigo tiramos sete dias com a única missão de andar pelo interior do Uruguay de moto durante dias gelados e sem nenhuma nuvem no céu.
Acima e abaixo: Rumo sul, logo depois de Rivera,
repare nas montanhas, algo raro no Uruguay!Pelo retovisor da para ver um pouco do ridiculo jaleco.
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A ideia original, planilhada durante o almoço no dutty free, era seguir para Salto, uma desconhecida e obscura cidade, à beira do rio Uruguai e fronteira com Argentina. Um lugar importante, mas ninguém passa por lá.
Parei em Tacuarembó para comprar agua e hacer preguntas. Fui aconselhado a não seguir por Salto e ir direto à Paysandú, uma cidade importante. Então saí de La capital Tacuarembó [16:40 30°C] e segui sentido sudoeste pela R26 que vai até Paysandú. A estrada era melhor, pero non mucho.
A chuva me pegou. Não parei para colocar a jaqueta impermeável, eu sabia que a chuva duraria pouco e logo viria o indescritível o prazer de sentir a roupa se secando no sol.
Eu via o final da chuva, mas as nuvens me pregaram uma peça:andei por muitos km extamente entre o inicio do céu azul e da chuva, até que a estrada entrou de vez na tempestade. Foram quase 100km debaixo de chuva forte e vendaval com a temperatura oscilando entre 26°C e 21°C.
Não foi nada fácil e não tinha onde parar. A chuva cessou e daí surgiu mais uma crise: os geniais uruguayos resolveram recapear a estrada e para tanto removeram todo o piso de asfalto! A coisa alternava entre asfalto medíocre e terra compactada, que com a chuva virou uma lama.
Os pneus me surpreenderam, consegui andar naquele piso com muita segurança! nem parecia a mesma motocicleta! Muito bons mesmo!
Entrei na cidade aliviado de ter cumprido o trecho mais chato, longo e inseguro desta viagem, daqui pra frente, om proximos dois dias, serão faceis e mais quentes.
A cidade me surpreendeu! É rica, bonita, arrumada!!! Sempre foi um porto muito importante
Cheguei no meu ponto final as nove horas da noite. 843km desde Porto alegre.
A cidade se diz uma das mais importantes do Uruguay. Quem sabe por conta de seu porto, onde aconteceu uma importante batalha em 1853, durante a guerra do Paraguai. Não encontrei (nem procurei muito) alguma referencia a este episódio. No entanto encontrei uma estátua comemorando a vitória do Paysandú sobre o Boca Juniors...
A cidade se diz uma das mais importantes do Uruguay. Quem sabe por conta de seu porto, onde aconteceu uma importante batalha em 1853, durante a guerra do Paraguai. Não encontrei (nem procurei muito) alguma referencia a este episódio. No entanto encontrei uma estátua comemorando a vitória do Paysandú sobre o Boca Juniors...