Pasos Andinos - um resumo

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Do lado direito superior da tela ha o link para o ìndice. Ha varias passagens que eu tenho certeza de uqe você irá gostar!! 

Um Abraço, Kiko Barros.

Reeditado em dez 2019 

Durante estes oito anos de pesquisa e preparo para as próximas etapas, percebi que meu texto sobre os Pasos estava desatualizado.

Então publico este post para trazer informações mais atuais e melhores. Eu passei somente por quatro destas passagens até agora, e acredito ser importante mostrar aos meus amigos viajantes (a pé, bicicleta, carro, moto ou até de harley) como são as passagens mais difíceis entre Chile e Argentina na parte norte. Leia-se entre a Bolivia e a cidade de Mendoza.

Eu sempre fui fascinado por Pasos, são caminhos que cruzam as cordilheiras. Eles geralmente são originários de antigas trilhas indígenas, cortados por ferrovias, percorridos por generais com seus elefantes ou encontrados por pura sorte por conquistadores espanhóis.


Descobri que na parte norte da Argentina central dos Andes são oito principais Pasos pelos quais se consegue passar para o Chile.

Listando os Pasos do sul para o norte, de Mendoza até Jujuy (ou Salta):

- Paso Cristo Redentor. De Medoza a Santiago (veja capitulo dia 30 de dezembro 2010) é o mais fácil deles, 360 km aprox, sobe até 3.200m . Todo pavimentado é a principal ligação rodoviária nos Andes. Foi meu primeiro contato com a cordilheira central. Saindo de Uspallata segue um magnífico cânion. Ha algumas vilas interessantes com parada e infra para turistas. Passa ao lado do pico Aconcágua onde existe um parque com excelente infra estrutura. A aduana chilena ali é terrível, demorada e burocrática... Gasolina em Uspallata e em Los Andes. 

O novo edifício da aduana foi inaugurado no final de 2018. o predio ficou melhor, mas os procedimentos são demorados.

Esta passagem é fácil, existe infra estrutura e  é extremamente bonita!

Clique aqui para minha passagem pelo Cristo Redentor

Ao fundo o Aconcágua! (minha foto - dez 2010)

"Los caracoles": a primeira descida após a aduana chilena. todos passam em dia de sol.. eu peguei chuva e frio. (minha foto - dez 2010) Atenção: "caracoles" é o nome dado a serras, não exclusivamente esta!)

- Paso de Agua Negra. De Las Flores até Coquimbo (veja post dia 24 fevereiro 2017) – difícil, desafiador, com cerca de 200 km de terra... sobe até 4.700m.

Dizem ser o mais bonito deles, eu acho o mais impressionante deles. Fica a 360km aprox. em linha reta ao norte do Paso Cristo Redentor. Uma passagem sem segredos e  sem grandes dificuldades. É a  ligação entre a Argentina e a Praia de Coquimbo no Chile, um porto livre, portanto o caminho é movimentado.

Boa parte da estrada re pavimentada em um moderno padrão europeu. A aduana fica logo na vila de Las Flores e há uma gentil Gendarmeria 30km após Las Flores. Em 2017 havia obras pavimentando todo o trecho após a aduana Argentina. O trecho ja na cordilheira, logo após o poste de polícia esta reconstruído em concreto, estrada padrão europa.

Ha gasolina, ótimas pousadas e restaurantes na vila de Las Flores e em Vicuña. 

Para usar este paso, não durma na péssima e cara vila de Rodeo e nem ouse em dormir na medonha Posada 50 nudos, esta posada é uma fraude, um show de horror!

Clique aqui para meu dia no Paso Agua Negra

Todos passam por aqui em dias de sol... Eu passei em uma nevasca!  ADOREI!!! mar 2017

- Paso de Pircas Negras. De Vinchina até Copiapó (este eu não conheço) – Pirca, para os Incas, quer dizer uma parede de pedras. O caminho parece fácil para quem anda bem no ripio, sem muitos desafios, quase todo pavimentado no trecho argentino, mas com muitos km sem pavimento nas partes altas. Sobe até 4.300m. Passa por um lindíssimo salar chamado Laguna Negra. 

Não é muito usado por ser fora de mão para quem vem pelo interior da Argentina. Passei perto de Vinchina em março de 17, o lugar é longe de tudo! 

A passagem fica a 200km aprox. em linha reta ao norte do Paso Agua Negra.  A coisa entra  no Chile via Copiapó por Tierra Amarilla. Se acontecer algo errado ali não há ajuda e também não há aduanas, tornando o caminho inútil. 

Em janeiro de 2018 a Gendarmeria Nacional Argentina declarava o Paso cerrado por falta de aduanas.

Foto google

- Paso de San Francisco. De Fiambalá a Copiapó (veja capitulo dia 31 de dezembro 2011, fevereiro de 2017 e o vídeo). Começou a ser asfaltado e retificado em 2011, a obra parou mas o caminho ficou fácil se você se der bem com o ripio... 

Em 2017 havia coisa de 80km asfaltados entre a aduna Maricunga até o Vulcão Tres Cruces, de lá ate a fronteira (a parte mais alta e linda) estava em ripio incerto com arenales e Calaminas.

Até antes das obras era o mais difícil e desafiador. O Rally Dakkar de 2012 cancelou uma etapa lá por considerar perigoso! 

Sobe até 4.780m e é deslumbrante!!! Passa por lugares ultra exóticos, ao lado do vulcão mais alto do planeta e ainda ativo. 140km aprox. em linha reta ao norte do Paso Pircas Negras. Recomendo!!! 

Gasolina em Copiapó e Fiambalá, 480km sem gasolina. Ha hospedagem na amigável aduana Argentina e há o hotel Cortaderas (um edificio horrendo, gerido por adolescentes disléxicos, mas em um lugar deslumbrante).

Em Fiambala existe a confortavel Hosteria Municipal.

Em 2019: as obras de pavimentação do trecho entre a aduana de Maricunga e a fronteira com Argentina ficaram prontas em junho 19. Com certeza está asfaltado entre a Laguna Verde e a Aduana, um trecho difícil onde sofri muito. 

Em setembro de 2019 faltavam ser asfaltados os ultimos 12 km entre a lagoa e a fronteira. Parece que a obra terminou em 2022. 

Me lembro bem de ter enfrentado aquilo em terra... lindas lembranças.


Clique aqui para minha passagem pelo Paso San Franciso

Clique aqui para chegada no Hotel Cortaderas

Clique aqui para o descobrimento da passagem

Minha Rocinante com uma roda no ripio chileno e outra no asfalto Argentino (minha foto jan 2012)

Acima: Passando por Las Barrancas, antes de chegar à laguna Verde. 4.400m de alt aprox. (minha foto jan 2012)

Abaixo: Passando pela linda Laguna Verde, ao fundo o complexo de vulcões NAscimiento.   

Abaixo, em março de 2017 o pórtico do paso estava derrubado... (minha foto mar 2017)

Acima: Do sul para o norte, o fácil e lindo Paso Cristo Redentor; o Paso Aguas Negras; o Paso Pircas Negras e o monumental Paso San Francisco 

- Paso de Socompa. Na realidade um paso ferroviário,  parte do Ferrocarril  Gen. Belgrano ligando Salta à Antofagasta. 

O caminho para carros e motos que parte San Antonio de los Cobres segue pela RP27 para o sul até a vila de Tolar Grande. Um pouco ao sul do Paso Sico.

O caminho ja é dificil...  a partir de Tolar Grande o caminho fica extremamente complicado, seguindo pelo meio do nada por um juntado de trilhas. 

Há de se cruzar um salar, em uma estrada estreita, para encontrar outra trilha do outro lado. Passa por cidades abandonadas e minas desertas. Altitudes até 4.300m somente.

A partir de 2014 foram montadas aduanas. que abrem e fecham e não ha informação.

Sem gasolina, sem água, sem comida...   ...sem nada. Mas muito interessante!

Quem me mostrar uma foto ao lado da placa do Paso de Socompa, de carro ou moto terá a minha eterna admiração! 

Que lugar agradável!!! - foto google

- Paso de Sico. De Salta, por San Antonio de los Cobres a San Pedro de Atacama. Não passei (ainda...) e parece ser extremamente difícil por ser ermo, grandes altitudes e muita estrada ruim em rípio. É o único entre eles em que a fronteira não fica no lugar mais alto e sim em uma baixada. Um amigo meu se F&#@u por lá, com direito à varias fraturas e 20 dias de férias forçadas no hospital em Salta. 

Pelo caminho há os mágicos lagos de Tuyajto, Miniquis e Miscanti. Fica a 380km aprox. em linha reta ao norte do P. S. Francisco. Gasolina em S. P. de Atacama e em S. A. de los Cobres. 

Para se chegar a Los Cobres, pode -se subir por Salta, um caminho lindo e facílimo, ou via Purmamarca. 

Clique aqui para video de Salta até Los Cobres

 Repare no ripio fofo, me dá calafrios só de pensar ...   Foto google

- Paso Guaitiquina, De San Antonio de los Cobres, Villa Catua a San Pedro de Atacama. 

Na  verdade este caminho não existe. 

Menciono para não receber emails malcriados de experts no assunto... 

 É uma trilha precária, uma estreita estrada delimitada por marcas de pneus no deserto. Fica há uns poucos quilômetros ao norte do Paso de Sico e não há aduana.

Frequentado por alguns heróicos ciclistas. O único predicado deste caminho é passar ao pé do vulcão Lascar (alt.: 5.550m) que ainda está ativo e solta bastante fumaça, e pelo vulcão Chiliques (alt.: 5.770m). 

Ambos podem ser visto com menor risco da estrada do Paso de Sico.

Foto google

- Paso de Jama. De Purmamarca a San Pedro de Atacama (veja capitulo dia 25 de dezembro 2011 e o vídeo) 

É todo pavimentado. Sai de Purmamarca e segue até San Pedro de atacama. Principal acesso ao atacama chileno e rota obrigatória para quem vai ao Peru. 

Fácil e Lindoooo, sobe até 4.780m. Ubicado a 75km aprox. em linha reta ao norte do Paso Sico.     ...Só chove quando eu passo por lá. 

Ha um acesso que leva a Bolivia, passa por magníficos vulcões e ao lado dos radiotelescópios do ALMA. Em susques, apesar da pobresa do lugar ha muito apoio, principalmente no complexo de hotel restaurante e gasolina chamado Pastos Chicos. 

Na aduana também existe  um ótimo posto (com lanchonete quente e uma pousada) de gasolina.

Clique aqui para o post Pelo Paso onde nunca chove

Acima: Nunca chove no Atacama??? (minha foto dez 2011)

Abaixo: Sentido Chile para a argentina: 19:00 - as aduanas fecham as 20:00. Ao fundo o salar de Jama (minha foto nov 2017)

Acima: o grande Salar de Jama, ao fundo o Cerro Jama, onde fica a aduana e dá nome ao lugar. Colossal!

Abaixo:o complexo fronteiriço - ha uma pousada e um posto com comida quente.( fotos novembro 2017)

Acima: O Salar de Aguas Calientes, coisa de 70km antes de San Pedro atacama.

Abaixo: O gigantesco Salar Salinas Grandes( fotos novembro 2017)

Acima: o complexo turístico Pastos Chicos, hotel comida muito boa, hospitaleiros e com combustível. Fica 3 km depois de Susques. Gerente do Hotel: Srta. Ximena, gerente da bomba de gasolina: o simpático Froilán!

RN40 A Ruta Nacional 40 – Carretera Panamericana

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Um Abraço, Kiko Barros.

Post atualizado, com mais mapas,  mais fotos e ainda mais detalhes em junho de 2021. 

Link para um vídeo na Abra de Acay. 

junho de 2019

Durante estes quase dez anos dedicados a estudar e a viver a Cordilheira do Andes, descobri algo que me deixou fascinado. Por onde vivi dias lindos e momentos extremamente difíceis, onde passei calor, quase congelei, onde o sol me queimou e por onde eu tive que passar com a moto por dentro de rios ou negociar com bancos de areia. E por onde passei horas a fio em retas intermináveis.

 
A Ruta Nacional Número 40. Ou RN40; ou Panamericana; ou La Cuarenta e por aí a fora...

Venha comigo, leia e se entusiasme para passar por ela!

E esqueça de vez aquela outra estrada boba e entediante nos Estados Unidos...

A Rocinante no trecho mais difícil da Ruta Nacional 40. Ao fundo o importante Nevado de Acay.
por volta das 15:30, altitude 4.000m, 11°C; 18 de novembro, 2017

A RN40, ou Ruta Austral é o trecho argentino da mítica Carretera Panamericana, um projeto de  estrada que deveria começar no Texas (sim Texas, nunca desde o Alasca) e ir até a Patagônia, e por motivos óbvios nunca ficou pronta. Nem vai ficar...

O trecho mexicano foi palco de corridas de carro e o trecho argentino é o Graal (o cálice, não o posto...) para quem gosta de uma aventura  de verdade de carro ou moto.

A parte oeste da Argentina é rasgada de norte a sul por este monumento nacional que é uma lenda para quem viaja por terra. Quem tem daquelas motos americanas medíocres ou carros italianos frágeis nunca ouviu falar... Ou morrem de medo dela.

É interessante mencionar que em todos os países ao sul do México e norte da Argentina não existe uma rodovia que traga alguma ligação com o antigo projeto da Carretera Panamericana original. Mesmo no Mexico a coisa está muito esquecida e completamente desfigurada. Nos outros países a coisa simplesmente nunca existiu.

Para que você tenha uma dimensão melhor da encrenca, vamos ensaiar um paralelo: A rota 66 tem sua extensão no sentido leste para oeste, a pouca variação de latitude traz uniformidade no clima e a coisa acontece em um país onde tudo é previsivel e funciona. Para quem gosta de segurança e previsibilidade é prato cheio. É legal, vale a pena fazer com a  familia.

A RN40 começa a uma latitude semelhante à de Campos de Goytacases (estado do RJ) e desce mais ao sul do que o ponto mais austral da Nova Zelandia e chega a 1.300km (linha reta) do continente antártico. Ha todos os tipos de clima e uma grande variedade de vegetação e formações geológicas, embora o que predomine seja o deserto, a imensidão e as distancias desafiadoras.

Esta estrada está em um país fantástico que tem uma história turbulenta e  interessante, e que esta sempre à beira de novas e mais profundas crises. Posso dizer que a vida por ali é uma batalha diária e não é nada previsível. Trata-se de uma gente heróica.

Na Argentina as coisas nem sempre funcionam da maneira que nós paulistas estamos acostumados. Mas eu tenho a obrigação de dizer que sempre fui recebido por pessoas maravilhosas e tive as melhores experiências quando o assunto são seres humanos. Vale e pena viver esta experiencia.

Vou contar sobre a estrada e deixar que você mesmo viva e depois conte as suas experiencias com o inesperado, com o clima difícil, com o piso inseguro, com a paisagem monumental e com as fantásticas pessoas que existem ao longo do caminho. 

Acima: Esta é a RN40, seja bem vindo a esta verdadeira aventura.

Após muitos anos de esforço em cuidar e pavimentar a velha estrada, grande parte da RN40 ja está coberta com asfalto padrão europeu. Mas na parte norte ainda existem quase 680km de rípio legítimo e desafiador e perto de Gov Gregores, ao sul, perto de El Calafate, ainda existe um trecho de 75km bem largo mas em rípio duro.

Rípio é um pavimento feito de pequenas pedras que se soltaram dos Andes e continuam soltas pela estrada, e deixam a sua moto ainda mais solta e seu futuro mais incerto. Existem basicamente dois tipos: O Rípio duro que, apesar de compactado, tem pequenas pedras soltas que escorregam e o Rípio mole que seria algo como uma estrada de terra brasileira com muito, mas muito cascalho grande e solto. 

Experimentei todo o tipo de rípio pela Argentina, para mim o pior é que está nas estradas mais movimentadas e em tese mais seguras. Nestas, a superfície fica coberta de Calaminas (costelas de vaca). Estas pequenas ondulações fazem a vida vibrar de uma maneira insegura e cansativa. Enfrentei cerca de uns 340km nesta situação e realmente foi dificil.  

Pontes foram um raro luxo até a decada de 90. Se você visitar outras postagens neste blog verá que em vários pontos eu passei por onde o rio passa por cima da estrada. Até hoje são raros os viadutos sobre os rios. Na parte norte os rios são sazonais, estão la no verão, cheios de uma agua barrenta e secam o resto do ano.

Quando estão cheios pessam por cima da estrada ( pavimentada ou não) em lugares chamado Badenes.

Atravessar os Badenes é facil,não dá para se ver o fundo e a correnteza assusta, mas o piso é sempre de pedras e firme. Chega a ser divertido passar por eles.

Na Primavera e outono os badenes secam e o piso fica cheio de uma areia fina e fofíssima. Passar por estas pequenas dunas em uma moto pesada e forte não é nada fácil!  

Mesmo assim, nos raros trechos em que a RN40 ainda está estreita e sem movimento, o piso de rípio é muito fácil e gostoso de se passar.


A RN40 nunca foi projetada, nem tampouco executada, como uma rodovia qualquer. Quando surgiu a ideia de uma estrada que ligasse as capitais do continente americano, o que aconteceu na Argentina foi organizar, interligar e melhorar uma série de caminhos que existiam entre Mendoza e a fronteira com a Bolivia. Em raros trechos houve construção de algo novo. 

Vamos somente imaginar como eram estas pequenas estradas e caminhos: Até o fim dos anos 70 os veículos automotores eram raríssimos e só funcionavam próximos às cidades (pneus ruins e combustível raro eram o principal limitador). Por aqueles caminhos andavam tropas a cavalo ou jumento, manadas de gado, lhamas ou pequenas carroças. Pavimentação ou simples cortes e aterros eram um sonho distante e o perfil das estradas seguia o relevo. 

Ha um mapa de 1940 que mostra o emaranhado de caminhos no norte do país, e mostra quais destes foram ligados para formar o embrião da Cuarenta. 

Quem  passou pela  estrada na década de 70 sofreu muito, principalmente com a falta de informação. Em vários lugares havia mais de uma Rn40 e placas simplesmente diziam "Ruta 40 Alternada". Foi durante os anos 80 e 90 que a coisa melhorou e muito, principalmente com a diretriz da YPF de colocar um ponto de combustível onde houvesse uma vila Argentina. Na minha opinião, a unica decisão acertada do vazio Pres. Carlos Saul Menen.

Em 1994 começou um grande esforço para arrumar e pavimentar a estrada em sua parte sul. E na década de 2000 o infeliz casal Kirscher gastou muito para pavimentar o trecho patagão. A pena é que muitas províncias aproveitaram a verba para modernizar e pavimentar outros caminhos que lhes eram importantes (principalmente na provincia de Mendoza), renomeando os novos trechos de "RN40". 

Ao longo dos anos, eu percorri vários trechos da RN40, sempre fiz questão de incluí-los nos roteiros, mesmo que fosse por um caminho mais longo e menos seguro. A maioria deles foi facil e absolutamente lindos. Eu sempre fiquei feliz quando re encontrava e  entrava en la Cuarenta, eu sabia que seria diversão na certa. 


Vamos seguir seu percurso, do norte ao sul.

La Cuarenta começa no extremo norte da Argentina em uma cidade fronteiriça Argentina que se chama La Quiaca (uma cidade pobre e extremamente feia) e se chama Villazón na parte boliviana (ainda mais pobre e ainda mais feia). Na Bolívia o trecho da inacabada Panamericana que vem para o sul se chama ruta nacional 14. Esta estrada entra na Argentina em La Quiaca emendando na RN40. Porém neste trecho, como em vários outros,  la cuarenta perdeu sua importância para a fácil estrada que vem de Santa Cruz de la Sierra, entra na Argentina em Yacuiba,  e que passa mais a leste, pelo fácil e retilíneo platô pré andino. 

Acima: Uma vez em La Quiaca, que tal dar um passeio até Ushuaia??? (foto Google). Estive em La Quiaca em novembro de 2017. Procurei muito esta placa e não a encontrei.

Repare na placa: 5.121km...  em rio Gallegos a mesma placa diz 5.080km. Segundo Adoniran Barbosa, as distancias " Vareiam" !!!

Abaixo: os primeiros metros da nueva RN40 em direção oeste, eu estava exausto e o sol se pondo, estas foram as melhores fotos que eu consegui tirar... (Alt. 3.480m). Repare nas Calaminas  (costelas de vaca) no piso. estas inocentes ondulações arruinam o meu conforto e equilíbrio! Vamos lembrar que qualquer esforço acima de 3.000m de altitude fica extremamente cansativo.

Acima: A RN40 entrando (ou saindo...) na cidade de La Quiaca (fotos de novembro de 2017).

Abaixo: Minha curta passagem por La Quiaca em 2017 foi no final de um dia longo e ultra cansativo. Fui lá só para procurar o início da La Cuarenta. Sua gênese é aqui, onde a avenida Paraguay se encontra com a ferrovia. Não ha nenhuma citação na (horrivel) cidade sobre esta estrada.

A estrada original começava em La Quiaca (alt.: 3.500m) em uma esquina próxima à estação ferroviária. Hoje este ponto está no final da avenida Paraguay, em frente ao muro que isola a rua da ruína da estação ferroviária. Ha uma estátua de algum prefeito esquecido mas nenhuma menção à rodovia.  Hoje naquela cidade, ninguém dá a menor importancia para o fato.

O tramo original seguia para o sul quase paralelo à linha do trem.  O caminho saía para o sul em direção à Abra Pampa, passando por várias vilas onde hoje se vê as estações de trem abandonadas. Estre trecho hoje se chama RN9. Nos anos 80 foi construída uma nueva ruta que sai de La Quiaca e entra no desértico altiplano seguindo mais a oeste.  

Hoje, a importancia da RN40 naquela região ficou com a RN9 que vai direto a San Salvador de Jujuy pela Quebrada de Humahuaca (veja dia 24 de dezembro de 2011,  e novembro de 2017).

(foto Google).

Acima: Linda tarde de um dia extra longo e difícil. Esta é a antiga RN 40 que hoje se chama RN9, seguindo para o sul logo antes de Abra Pampa. A Nueva 40 segue por dentro das montanhas à direita. No final desta cadeia de montanhas (na foto) fica o salar Salinas Grandes. 21 de novembro 2017, 20:28, Alt.: 3.650m; temp 13°C

Vimos que o traçado original para o sul foi substituído por um que segue para oeste. Saindo de La Quiaca a nueva RN40 segue por uns 50km para a região alta e desértica nas fronteiras entre Chile e Bolivia (alguns mapas mencionam como RP5). Um piso largo e em rípio que segue sua jornada por uma região desértica e com vilas muito humildes, subindo até quase 4.500m de altitude. Coisa de 300km depois passa pela símpática Susques e cruza com a RN52 (Paso de Jama) que vem de Purmamarca e segue até a divisa Chilena (veja 25 de dezembro de 2011, 4 março 2017 e novembro de 2017). De Susques segue para sul e vai até San Antonio de Los Cobres (alt.: 3.800m) que é a capital mundial da poeira (veja novembro de 2017)... 

Acima: Na vila de San Antonio de los Cobres uma placa bem velha indica o caminho pela antiga 40 

Abaixo: O trecho original da 40 (que vem via Abra Pampa) entre San Antonio de  Los Cobres e o Salar Salinas Grandes. Repare nas costelas de vaca no piso... Se chamam Calaminas. Elas parecem inocentes? Março de 2017 - Alt 3.440m 14:30;  18°C

Acima: O trecho em vermelho é da Ruta 40 atual, nem sempre pavimentada. O trecho em verde mostra trechos antigos ou alternativos da RN40.

O trecho de La quiaca até Abra Pampa hoje se chama RN9. Percorri os trechos proximos a San Antonio de Los cobres em 4 de março de 2017; de Salta até Cafayate em 28 fev 2017 e entre Susques e Los Cobres em nov de 2017. As RN51 e a RN68 (contruídas antes da RN40) nunca fizeram parte da Cuarenta.


Aqui há uma controvérsia: O traçado original da Panamericana (de 1943) saía de La Quiaca, passava pela vila de Abra Pampa (trecho hoje se chama Rn9) e seguia direto a San Antonio de Los Cobres. Estre trecho ainda existe e hoje passa do lado leste do salar grande (veja dia 25 de dezembro de 2010) e depois de Cruzar a RN52 se embrenha por um vale arenoso e desértico. Hoje este trecho é usado por caminhões de mineradoras e está infestado de vans de turistas. A estrada é legal, mas cheia de calaminas (as infernais  e repetitivas costelas de vaca) e passa várias veses por baixo dos rios.

Já o trecho novo passa a coisa de uns 60km mais a oeste, corta uma imensidão desértica, em alguns mapas consta como Ruta Provincial 74. Sai do centro de Susques, segue até onde está o hotel Pastos Chicos, sai logo atras deste querido hotel e segue para o sul rumo a pequenas vilas como Huncár, entra em um lindo cãnion, passa ao lado de um magnífico vulcão, entra em uma serrinha apertada e logo encontra o viaduto La Polvorilla até chegar en San Antonio de los Cobres. 

Então, por qual das duas RN40 você prefere passar?


Clique aqui para Entre Susques e San Antonio de los Cobres


Clique aqui para trecho RN40 entre Los Cobres e Salinas Grandes

Acima: A saída de San Antonio de los Cobres em direção sudoeste para encontrar a RN40 e o viaduto Polvorilla (fotos de novembro de 2017). Alt.: 3.800m 09:00; 9°c

Abaixo: O viaduto La Polvorilla, por onde passa o Tren de Las Nubes. Na garrafinha o fantástico Chá de Coca. Alt 4.140m

Abaixo: A Nueva RN40 passa pelo hipnótico Vulcão Tuzgle. Neste trecho fui rumo norte, de Los Cobres para Susques. As manchas negras no lado norte do vulcão são resultado de sua última erupção cerca de 80.000 anos atrás... 19 de novembro 2017 Alt 4.420m 13:20; 14°C

Depois de San Antonio de Los Cobres ( a capital mundial da poeira...), se anda rumo leste 14 km de asfalto novo pela RN 51 para encontar novamente La Cuarenta. Neste novo trecho (rumo sul) a estrada fica estreita (novidade) e serpenteia morro acima até Abra de Acay, a 4.959m de altitude, passando ao lado do Cumbre de Acay (alt.: 5.731m).

É o trecho de estrada federal mais alta nos Andes e em todo o continente americano. Ha dois lugares no chile onde se anda a 5.005m de altitude, mas não são estradas federais.

O caminho desce para o sul (passando por baixo de riachos) até um vale fértil chamado El Trigal onde fica uma pequena vila chamada La Poma (uma cidade com 5 ruas e quatro travessas a uma altitude de 3.050m) (ha também uma cidade abandonada chamada La Poma Vieja, destruida por um terremoto na década de 30). 

Os 91km entre La Poma e San Antonio de Los Cobres são, na minha muito humilde opinião, a estrada mais difícil nos Andes Argentinos: estreita, rípio precário, deserto, sem vegetação, sem movimento e vai até praticamente 5.000m de altitude. 

Estre trecho não é coisa para rarleiro, é coisa para Cabrón Valiente! Ela é constantemente concertada, quem sabe um dia paviementem aquele trecho por que apesar da dificuldade, é extrememante importante!  Em março de 2017 eu tentei muito passar por ali, mas as chuvas fora de época interditaram a 40. Retornei em novembro de 2017 e consegui subir a estrada em um dia gelado e magnífico!

 Abaixo: Subindo para Abra de Acay. A colossal vista da estrada para o vale pelo norte. Alt: 4.600 aprox 13:00; 9°C novembro 2017

Abaixo: a placa diz 4.959, meu GPS mostra 4.967m e o dado oficial é 4.859m de altitude.
18 de novembro 2017, 16:15; 6,5°C e uma P%T@ ventania!!!

Acima: La Ruta serpenteando morro acima, o colossal vale onde ficam o Salar Grande (a mancha branca) e San Antonio de los Cobres. Bem no centro Tuzgle se destaca! vide ots sobre abra de Acay neste blog!

Para o vídeo deste trecho clique aqui, e não se esqueça de deixar o Like e comentários!!! Abra de Acay Novembro 2017

Clique aqui para o trecho Abra de acay

O monumento segue sempre em rípio para o sul, de La Poma desce até Payogasta e de lá para Cachi (alt.: 3.361m) por um trecho estreito e mal asfaltado de 11km, pedacinho chato. O vale é interessante, fértil e cultivado criado pelo degelo de picos eternamente nevados do Nevado de Cachi, um bloco gigantesco da cordilheira principal. O Nevado de Cachi é a moradia da deusa Pachamama (explico no blog), mas isso é assunto para outra hora... Cachi é uma graça e vale uma noite!

Clique aqui para Trechos proximos à Cachi

De Cachi se segue até a interessantíssima Cafayate (alt.: 1.800m) (vide post 4 mar 2017). São coisa de 130km ainda está em rípio, largo e movimentado. Entra em Cafayate pelo norte, encontra a RN68 que vem de Salta e se funde com a cidade. A saída sul por Cafayate é linda, é o caminho para quem vai ou vem de Taffi del Valle. Ha quem diga que o trecho que hoje se chama RN68 foi a RN40, não é verdade. Eu passei pela RN68 mas não considero este trecho como Cuarentino...

O trecho dificil e ainda selvagem termina no asfalto, a cerca de 25km antes de Cafayate, depois de percorrer coisa de 680km em rípio desde a Bolivia. Realmente um desafio. A partir da bárbara Cafayate, latitude próxima a de São Francisco do Sul em SC, a RN40 está quase toda asfaltada, embora quase todos os rios passem por cima do asfalto.

Acima: o trevo em Payogasta que leva à Cachi, Cuesta de Obispo ou La poma. Alt.: 2.480m 

Abaixo o trecho chatíssimo de 11km entre Payogasta e Cachi. (mar.17)

Acima: no trecho proximo à La Poma (mar.17)

Saindo para o sul depois de Cafayate, se entra na pobre província de Catamarca onde segue por um largo vale fértil margeando o rio Santa Maria com atitude média de 1.900m. Em Catamarca começa uma praga: Los Badenes. São as passagens de riachos ou rios por cima da estrada pavimentada. Os Badenes são depressões de concreto e se precisa reduzir para passar por eles, no inverno não ha água mas tem muita areia, no verão ha muita água e pedras. Diversão garantida.

Estes Badenes arruinaram as minhas médias de velocidade e aumentaram o consumo. Itens fundamentais para quem viaja sozinho de moto.

Antes da vila de Santa Maria a 40 segue em ripio pelo oeste do rio Santa Maria e ha uma variante em asfalto, ao leste do rio, pela bagunçada vila de Amaícha (caminho péssimo... que consta como RN40). entre Amaícha, Palo Seco e Casa de Piedra se anda por dentro de vilas e é bem lento e chato. Enquanto isso a RN40 segue pelo outro lado  do rio passando por pequenas fazendas, no mapa esta como RP39. É um misto de ripio e asfalto péssimo. É uma região pobre e sem atrativos.

Clique aqui para trecho Belén Cafayate até salta

Acima: Baden proximo à Santa Maria. Eu quase tomei um banho de lama neste lugar...  

Abaixo Fronteria Salta/Catamarca

Desde Casa de Piedra se vira para oeste contornando o rio Pie de Medano e se entra em uma colossal planície deserta chama Hombre Muerto (é maravilhoso, 2.240m de alt. uns 36km de extensão), trecho de uma estrada nova em  asfalto confortável e largo até descer para a cidade de Belén  e Londres (alt.: 1.800m). Só ha um hotel bom em Belén...

Saindo de Londres segue por 80km à beira da Cuesta de Zapata, onde termina na RN60 a 940m de altitude (veja dia 2 de janeiro de 2012, 27 fevereiro 2017).

Acima: Rumo norte. Entre a RN60 e Londres. Esta é a fantástica Cuesta de Zapala. Londres e Belén ficam à direita da foto, beeem la no fim, sob as nuvens (Alt.:1058m, fevereiro de 2017 por volta das 17:00 coisa de 38°C).

Abaixo: Rumo norte, logo depois da RN60 (Alt.:955m, fevereiro de 2017).

Ali ha dois trechos da 40 que foram abandonados nos anos 70. O primeiro passava por cima da Cuesta de Zapata, trecho ultra dificil, ainda existe (a saída fica a exatos 7km ao sul de Londres), foi declarado patrimonio cultural e tem que se ter muita coragem para passar por ali. O segundo está depois de Tinogasta, a estrada seguia direto para Famantina, o caminho ainda existe e hoje se chama RP11, uma reta em Ripio.

Acima: Voce encara isto? Este é o trecho abandonado por cima da Cuesta de Zapata. Ao fundo o vale onde ficam Tinogasta e Fiambalá. Quero ver uma foto sua neste lugar!!!  Foto google

Próximo ao encontro com a RN60, vila de Alpasinche, um vale bonito, cultivado e rico.

Apos alguns poucos km pela RN60 se encontra a RN40 para o sul, ela segue por outro vale lindo e fértil, com vilas organizadas e movimentado. Vira mais uma vez para oeste e sobe  até entrar no grande vale formado entre as cuestas de La Rioja e de Famantina. Este vale é magnífico. Segue por este vale subindo em uma reta até a importante Chilecito, já na província de La Rioja. Por ali a estrada está toda asfaltada e o caminho é lindo e gostoso. (veja 26 fevereiro 2017)

Acima: O trecho em vermelho é da Ruta 40 atual, nem sempre pavimentada. O trecho em verde mostra trechos antigos e o ano em que deixou de fazer parte da RN40.

O trecho entre Famantina e Belén ainda existe em rípio. Se chama RP11, o trecho que passa por cima da serra de Zapata está abandonado e é usado por motos de trilha. Nem o Rally Dakkar quiz passar por ali em sua tapa 2018. Percorri estes trechos (os asfaltados...) em fev 2017.

Acima: foto tirada Rumo sul, entre Famantina e Amaícha, à direita a linda Cuesta de La Rioja e a esquerda a Cuesta de Famantina. Fevereiro de 2017, 10:00 Alt.: 1.010m; 26°C

Acima: Rumo sul quase em Famantina, à direita a linda Cuesta de Famantina.

Chilecito está à sombra de um gigantesco bloco, a Cuesta de Famamtina com seu pico nevado Cerro Gen. Belgrano, lindo de ser ver! Logo após Chilecito o caminho segue para o sul até Nonogasta e mais uma vez vira para oeste e sobe até 2.300m de altitude por um caminho estreito, sinuoso perfeitamente retificado e pavimentado. Maravilhosa a estrada. Trecho chamado de Cuesta de Miranda.

Para se cruzar esta serra, que é a ponta sul da Cuesta de Famamtina, se passa por um trecho recém reformado, por um vale que leva ao povoado de Villa Unión. Este trecho ficou inalterado desde 1928 até ser repavimentado em 2016.

Clique aqui para Chilecito até Fiambalá

Acima, a nova e excelente estrada pela Cuesta de Miranda  

Abaixo: a descida para Nonogasta na nova estrada. Bem ao fundo, a gigantesca Cuesta de La Rioja, que forma o vale onde fica Chilecito. Alt.: cerca de 1.800m; fotos de março de 2017; 32°C

Saindo da Custa de Miranda se segue para oeste, em direção à cordilheira principal. Antes de se passar por Guandacol a estrada passa pelo vale do rio La Troya, e passa por baixo deste rio, apesar do volume de água e da largura do rio, a passagem tem o piso de concreto e é calma e segura. Assusta, mas é facil de se passar.

Acima: O trecho entre Huaco e Guandacol. Uma reta sem fim e cheia dos chatíssimos Badenes... 
Lá no fundo fica o Paso Pircas Negras. Alt.: cerca de 1.000m (fotos tiradas em 25 fevereiro de 2017)

Abaixo: quem tem juízo passa devagar...

Após a vila de Guandacol a estrada vira para o sul (com um trecho lento e cheio de Badenes) e entra na província de San Juan, até a cidade de Huaco e logo após chega à Importante San Juan. De Chilecito à San Juan são fáceis e confortáveis 405Km muito bem pavimentados. Cuidado com areia e badenes...

Acima: O trecho em vermelho é da Ruta 40 atual, nem sempre pavimentada. O trecho em verde mostra trechos antigos e o ano em que deixou de fazer parte da RN40

Aqui ha mais uma alteração. entre San José de Jáchal e Huaco ha um pequeno trecho de serra bem apertada que foi substituído por um moderno contorno pelo leste. Passei pelo trecho entre S. J. de Jachal e Huaco, depois subindo até Chilecito em  25 de fevereiro de 2017. 

O trecho novo entre Huaco e o acesso à San José de Jáchal. 23 fev 2017, alt.: 1.045m, 19:00;  41°C!!!

Acima e abaixo: Imagens da linda serrinha que um dia foi parte da RN40, a Cuesta de Huaco, ligando Huaco à Jáchal. 25 de fevereiro de 2017, alt 1.150m; 33°C

Clique aqui para o Trecho entre JAchal e Chilecito

Começa o trecho com cidades importantes, De S. J. Jachal até San Juan, Mendoza, passando a oeste de San Rafael (veja dia 26 de dezembro de 2010), caminhando sempre paralela à cordilheira principal e à várias pré-cordilheiras. Próximo a Mendoza, a RN40 virou uma colcha de retalhos, com seu traçado original alterado e substituído por estradas mais novas, que levam o nome de RA144, RP 15, ou RP101.

Definitivamente não é meu veículo preferido.... foto Google

A rodovia original se embrenha na cidade de Mendoza e segue até seu marco zero no centro da cidade, ao pé do Edifício Gomes (um arranha céu da época). Marco Zero???   Sim, a La Cuarenta foi inugurada primeiro em seu trecho norte, até Mendoza, começando no centro da cidade.

Aqui, na sombra do Edifício Gomes,em Mendoza começava a RN40, foto de 2010.

De Mendoza até a fronteira com a província de Neuquén são 650km em um asfalto impecável, uma altitude média de 1.000m caminhando à beira da cordilheira. O visual é bárbaro e vale o passeio. 

Eu passei por este trecho em dezembro de 2010, entre San Rafael e Mendoza. O que aconteceu aqui foi que o governo da provincia pegou a verba para pavimentar a Cuarenta, pavimentou a RN144 (prox a san rafael) e a rebatizou de RN40.  Então ha um trecho reto e novo que sai de Pareditas e chega proximo a Nihuil (uma represa...)

A ruta original ainda está la e segue de Pareditas a El Sosneado em ripio. Acredito que seja o último trecho em ripio sem movimento e praticamente abandonado. E´uma pena porque a coisa de 70km ao sul de Pareditas existe o acesso para o colossal Vulcão Maipo, que é a divisa entre os dois países. Lindo lugar!

Acima: O trecho em vermelho é da Ruta 40 atual, nem sempre pavimentada. O trecho em verde mostra trechos antigos e o ano em que deixou de fazer parte da RN40.

Aqui ha uma confusão entre Pareditas e El Sosneado. O trecho verde no mapa ainda se chama RN40 e no trecho vermelho, que leva o nome de RN40, eu encontrei placas a chamando de RP 144. Andando pela região, as placas ainda confundem!  Passei por ali em dezembro de 2010. O que hoje se chama RP221 é a RN40 original.

Abaixo: Entre S. C. de Bariloche e S. M de los Andes os mapas fazem uma gigantesca confusão sobre o que é a RN40. Ao sul de S.C. de Bariloche sai a RN40 rumo a Bolsón e Esquel

Eu não percorri o trecho entre Mendoza e S.Martin de los Andes (desci via chile, um erro)

Entre El Sosneado e Chos Malal a estrada segue em um asfalto perfeito, caminhando pelo deserto ao lado leste da cordilheira. Logo antes de Malargüe fica o acesso para a estação de esqui de Las Leñas. E em Bardas Blancas ha a saída para o Chile pelo Paso Pehuenche, o primeiro paso importante ao sul do Paso Cristo redentor..

Bardas Blancas fica na logo após a fronteira entre as provincias. Entrando em Néuquen se passa por Chos Malal, ainda a cerca de 1.000m de altitude e o caminho segue direto ao sul por longas retas para o vale formado pelo Rio Salado (Alt.: 790m). 

Foto Google

Mais cinquenta quilómetros de reta e se chega a Las Lajas (Alt.: 791m) um importante vilarejo dentro do oásis que o Rio Agrio criou em seu vale. Mais ao sul de Las Lajas se passa por Zapala e mais 150km a RN40 chega a ponte do Collón Cura (Alt.: 650m) (veja dia 4 de janeiro de 2011) subindo para oeste, e chegando em San Martín de Los Andes.

Acima e abaixo, Cruzando o rio Colón Cura, onde a RN40 encontra a RN 234 que vem de Junin de lo Andes. 4 de janeiro de 2011 Alt.: 680m 30°C . 

A partir de S. M. de los Andes a RN40 segue por entre montanhas, florestas e lagos. Um caminho maravilhoso e que foi todo pavimentado em 2016. Segue até San Carlos de Bariloche (Alt.: 820m) que é a fronteira entre as províncias de Neuquén e Rio Negro. 

Também aqui ha uma confusão. Hoje a 40 vem pela rota turistica, entre montanhas e lagos até Bariloche e de lá mais uma vez por dentro da cordilheira até Leleque. Mas o traçado original vem pelo leste (caminho que eu fiz) pelo vale do Colón Cura. Hoje as estradas são a RP237 e 237 e um longo e sinuoso trecho chamado de RP23.  Hoje se diz que a 40 vem pelas montanhas e não pelo vale desertico.

Vamos la, para quem busca aventura de verdade e pensa que é Cabrón. O trecho pelo deserto que hoje se chama Ex RN40 começa na RP237 (subida para Bariloche) na represa de Alicura. De  lá segue tortuosa em rípio para o sul e 80km depois se encontra com a atual RP23 (que era RN40). São mais 120km difíceis pela estepe Patagonica até Norquincó. Ali a estrada se aproxima de novo da cordilheira e segue por 35km até El Maitén (onde ha a estação do term a vapor patagão). Mais 33km e a rp23 (que ainda tem placas RN40) encontra a RN40 moderna que vem de El Bolón e segue para Esquel. 

Acima: Pela RN40 cerca de 20 Km depois de San Martin de los Andes. Ha quem chame este trecho até Bariloche  de Ruta de siete lagos. Foto dia 3 de jan de 2010, alt. 980m 17°C.

Abaixo: Pelo trecho da 40 que leva o apelido de Ruta de siete lagos. Foto dia 3 de jan de 2010

Acima, Um dos lagos na Ruta de siete lagos. Foto dia 3 de jan de 2010

A Partir daqui, sentido sul, eu AINDA não passei. O texto vem de muita pesquisa e planejamento para as proximas viagens.

Ha quem diga que o trecho ao sul de Bariloche é a estrada mais bonita da América, como eu adoro um deserto eu não posso concordar, mas o leitor que gosta de ver árvores, lagos, vegetação e Renaults lerdos  certamente adorará. Os picos nevados, os lagos turquesa e as florestas são realmente magníficos! Tudo isto por estradas cercadas de calafates e bem longe da Puna. Lugar maravilhoso para quem vai apaixonado em lua de mel!

A ruta sai de Bariloche por entre a cordilheira em uma região cheia de de florestas e lagos. Lindo e bucólico. de Bariloche para El Bolsón são 125km tranquilos e muito bonitos, movimentados e cheio de apoio e pequenas vilas. São mais 45km aprox até a vila de Epuyén, onde a RN40 sai de dentro da cordilheira e retorna ao deserto.

Entre Epuyén e Esquel existe um caminho por dentro das montanhas (RP71) e que beira do lago Futalaufuquen, que é realmente um caminho lindo, quando o assunto são lagos, morros, verde e asfalto.

Mas aqui Ruta 40 segue por leste, entra na província de Chubut passando por fora da cordilheira seguindo por Esquel (Alt.: 740m), que fica a 285km ao sul de S. C. Bariloche.

Foto Google

A Partir de Esquel a estrada sai um pouco para leste, abandonando a cordilheira e entrando no planície patagonica. A partir dalí, ela não entra mais na cordilheira, simplesmente segue paralelo a ela pelo modorrento deserto da Patagonia. Trezentos e vinte quilómetros após Esquel se chega a uma vila meio fantasmagórica chamada Rio Senguér. Ali termina o asfalto e começa uma sequencia imprevisível de trechos pavimentados ou de rípio. Aqui também começa o vento patagão!

Acima: O trecho em vermelho é da Ruta 40 atual, nem sempre pavimentada. O trecho em verde mostra trechos antigos e o ano em que deixou de fazer parte da RN40.

Foto Google

Estou preparando uma viagem para este trecho...   grandes distancias e poucas atraçoes...  vamos ver o que rola...  Uma reta de rípio de quase cem quilômetros leva a Rio Mayo e, entrando na província de Santa Cruz, mais 125km até a cidade de Perito Moreno (Alt.: 390m) (não confunda com a geleira) que fica próxima ao lago General Carreras (ou Lago Buenos Aires).

Da vila Perito Moreno até a cidade de El Calafate ( a geleria Perito Moreno está a oeste da cidade de el Calafate) são 621km de rípio e raros trechos asfaltados, de muito vento e planícies entediantes. 

A Sra. Kirschner assinou um documento em 2009 determinando a pavimentação de todo o trecho na província de Santa Cruz (ela nasceu lá...). No momento em que re-escrevi  este texto (maio de 2017), não consegui relatos precisos sobre onde ha pavimento e onde ainda existe ripio. Em varios trechos no sul a estada teve até seu traçado alterado para ser pavimentado. Parece que hoje, em maio de 2017, ha mais asfalto do que rípio.

A importante El Calafate fica à margem sul do lago Argentino, que por sua vez é formado pelo degelo de várias geleiras, sendo a mais famosa a Glaciar Perito Moreno.

Ooooops!!! Uma ótima estrada para resolver imprevistos. Não sou eu... a foto vem do Google

Duzentos e três quilómetros mais ao sul, acompanhado de vento e poeira, se chega a Cancha Carrera, um entroncamento de estrada onde há uma passagem para o Chile. Logo se passa por Rio Turbyo, uma importante cidade onde La Cuarenta já está asfaltada. De lá até Rio Gallegos são os últimos 296km, no mais legítimo rípio, até se chegar ao fim (ou onde legalmente se inicia) desta estrada, já no oceano Atlântico sul. 

Foto Google

A Ruta Nacional 40, ou Carrera Panamericana tem algo perto de 5.080km de extensão. Começa em uma latitude próxima à de Nova Friburgo no estado do Rio de Janeiro e vai até quase 1.500km antes do continente antártico, vai mais para o sul do que a Tasmania ou Nova Zelândia. Mesmo com trechos recém pavimentados e com reservas de confortáveis hoteis feitas online, os poucos postos de combustível e o clima fazem deste trecho sul da  estrada algo desafiador e imprevisível em todos os sentidos. 

Acima: O trecho em vermelho é da Ruta 40 atual, nem sempre pavimentada. O trecho em verde mostra trechos antigos e o ano em que deixou de fazer parte da RN40


O trecho em verde  até rio Gallegos se chama RP5, está toda asfaltada e é a principal ligação a El Calafate. Foi construída na década de setenta e nunca fez parte do traçado original da RN40.

Tudo bem que a Rota 66 é mítica e blá bla bla... mas a 66 é toda pavimentada, vai de leste a oeste portanto o clima é o mesmo e tudo no país onde ela se encontra é previsível e funciona direitinho. Vamos deixar a Rota 66 para as Harley Davidson.

Em todas as minhas andanças até agora (novembro de 2017), dos quase 31.000km pela Argentina, Chile e Uruguay, eu andei somente 1.597km por La Cuarenta (31,43% do total, mas calma, eu chego lá...) nos trechos muito bem pavimentados  e mais 180km em rípio. Tudo isto em dias quentes e ensolarados.

Posso dizer que os trechos pela RN40 foram sempre lindos, mágicos, confortáveis ou desafiadores.

Meu projeto de mapear a 40 continua...  Vamos ver o que o futuro reserva...










































Definitivamente não é uma tarefa comum... Foto Google


Muitas das fotos deste post não são minhas... Pena... mas um dia eu publicarei as minhas!!!

Dias depois de publicar este texto pela primeira vez, em abril de 2014, eu ganhei este fantástico e muitíssimo bem escrito livro!

Recomendo!

Magica Ruta 40 - Federico B Kirbus