quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Trazendo a moça de volta de Montevidéo...



Passando por esta placa pela oitava vez desde 1998

Quem me acompanhou já sabia que a Rocinante estava precisando de atenção e carinho, o cambio roncava muito, ela estava com 75.000km, a bateria me deixando na mão, a pintura cansada e o pneu traseiro estava quadrado. Já fazia parte dos meus planos deixa-la no Uruguay e retornar lá pelo carnaval. Então ela ficou na concessionária BMW no dia 10 de janeiro  e eu voltei de avião. Por conta da demora na importação das peças e do ritmo local, o trabalho lá só ficou pronto no final de maio... e eu não vou perder tempo em explicar por que demorei de maio até o final de agosto para fazer o que eu mais gosto...

Então...   chega o tão esperado dia! Embarco na sexta feira 24 de agosto para Montevidéo em um dia absolutamente perfeito. Perfeito também para quem estudou meteorologia: O avião saiu de um céu azul, passou por todos os sistemas pré-frontais e pousou na maior frente fria do mês!!!

 Acima: Sobre Florianópolis         Abaixo: Sob chuva, vento e frio (10C) no aeroporto de Montevideo!!!



























Pousei ao meio dia, como a loja só abriria as 14:00 e eu queria enrolar para ver se a chuva diminuía...   Humm... recorri aos frutos do mar locais!

A culpa é da chuva...   Será que eu fiquei assim lendo muito National Geographic?


De taxi até a oficina, que fica na parte mais W da cidade. Garoa fina, dia escuro e dez graus. Na oficina o de sempre, pagar as contas, conversar com mecânicos e clientes que veem com as mesmas perguntas ("estás solo?"; "de onde vienes?"; "quanto caminas?"; "que é el consumo?").

A surpresa foi a cor nova, um cinza mais escuro do que o original (a mesma cor da K1200GT) e uma linda e enooorme mala que eu ganhei de presente!  O problema passou agora a administrar o monte de malas vazias...

No fundo, a sensação de estar na oficina era o mesmo de voltar ao salão de uma festa no dia seguinte, uma coisa meio anti climax. Melhor seria pegar a moto e voltar para  a cordilheira...

Saí da oficina eram quase 17:30 porque fiquei esperando o tempo melhorar. Não adiantou muito.

Programei o GPS sem prestar muita atenção no que ele estava me propondo. Mais uma vez: GPS é apoio, não confie somente nele!!! Confesso que os primeiros dez km foram muuuito estranhos. Eu passei 8 meses andando em motos menores ou de scooter. Estava achando tudo aquilo esquisito, a altura da moto, o pneu traseiro novo escorregando no paralelepípedo molhado e até o capacete, que eu usei por 20 dias seguidos, estava me apertando! No esforço de me acostumar e não cair nem ser abalroado pelos Urugauyos barbeiros eu fui seguindo o GPS sem pensar muito...   ao invés dele me levar à conocida Av Italia, ele me indicou o caminho pelo N da cidade até a rodovia, passando por vários subúrbios e até por estradas de terra, que estavam inundadas pela chuva. Off road total...

Dez Km de mal humor até chegar ao trevo do aeroporto...

Acima: um dia para ficar na cama     Abaixo: não é a moto que é pequena, a mala é que é gigantesca!

De Montevidéo a Punta del Este são coisa de 110km em uma rodovia excelente e manjada (indo para E). O caminho é até bonito... mas era um dia de nuvens baixas, chuvisco, frio e um forte vento sul. A viagem foi calma e sem nenhum incomodo. Nem parei para abastecer, o que eu tinha no tanque daria para 150km. 

Cheguei à peninsula lá pelas 19:00, a maioria dos pequenos hotéis que eu conheço estavam fechados para o inverno... encontrei um muito agradável e bem moderninho por 70,00us$, ou seja de graaaça!!!

O roteiro de sempre: Baño caliente y después calamares y rabas con viño!!!

A cidade totalmente deserta!!! Se bem que quando eu saí do restaurante, lá pelas 21:30, vários outros clientes chegavam. Mas as ruas normalmente badaladas e cheias de gente bonita não são coisa para agosto.

 

Sempre acordo cedo, principalmente quando faz sol! Eu tinha que passar às 10:30 na casa de amigos queridíssimos para pegar minhas malas, então, fiquei rodando feliz pela cidade vazia. 

A maré estava cheia e o mar muito agitado, um vento SW fortíssimo e 9C de temperatura.  Quer saber: uma linda manhã!!!!


Muito vento e frio. Somente alguns locais passeando com cachorros ou correndo. Mar bravo após a passagem da frente fria. 



























Malas prontas, gps programado, motocicleta montada, tanque cheio, pneus calibrados e vamos...               almoçar!



Talvez umas das coisas mais gostosas de viajar é entrar  naquele restaurante que você adora e que já te conhecem! 

Uma gostosa sopa quente, salada e algumas sobremesas embaladas para viagem...  Agora sim, vamos para a Porto Alegre.

Señor, me gusta uno de cada por favor!

Pra que ir pelo caminho mais curto??? Como sempre faço, vou pela Rambla até José Ignácio, tiro a minha centésima foto sob o farol e daí sigo pela ruta principal até o Chuí.

A estradinha que liga a rodovia à José Ignacio agora está pavimentada, pronta para a horda de turistas. O céu com cada vez menos nuvens e a temperatura chegou a confortáveis 12 graus.




Em coisa de uma hora e quarenta minutos eu estava no Chuí. Segui um local em um carrinho pequeno que andava a 160 ou mais...  se alguém seria preso não seria eu...   ...desta vez...

Paradinha básica para las compritas no excelente Dutty Free em Chuí (rimou né...), manzanas con café caliente, tanque cheio e vamos embora! 

Depois de 220km de reta eu chego ao Rio Grande. A noite estava começando, a temperatura saiu dos 14 e veio para 9C, com estrelas e sem vento. Fui até Pelotas onde resolvi dormir no hotel de sempre. Eu tive preguiça de fazer os 260km até Porto alegre durante a noite... foi preguiça mesmo e foi um grande erro.

O dia seguinte amanhece com chuva...  agora chuva mesmo e sem parar!  Fico enrolando no hotel mas não adianta, o tempo não vai melhorar.

Eu sabia o que me esperava na BR116: filas de caminhões e ônibus, trechos chatos, areia e lama na pista... além da chuva. Nada seguro.

Então.......

Já que ficaria molhado e gelado mesmo, resolvi aproveitar e conhecer um pouco mais o interior do RGS, o que importa não é chegar, mas sim o caminho. Saí de Pelotas em direção NW (ao invés de N) para Canguçu, de lá para Encruzilhada do Sul por NE e daí pela rodovia BR290 para E, que eu já conheço de outros carnavais... Há umas serras que não chegam a 500m de altitude, as estradas são excelentes e o lugar em um dia de sol deve ser lindo!!!

Fica a dica: Gaste 90km a mais (no verão) e vá (no verão) por este caminho! Curta serras (em um dia com sol), vales, estrada perfeita (no verão) e se livre dos caminhões!!!  ... faça tudo isto no verão...

Nem tudo foram flores...  muita muita chuva, e a temperatura desabou...  cheguei em Porto Alegre tarde e congelado.




Serras gaúchas no inverno:  não deixe de perder!
Mandou parar eu parei. Veja a temperatura : 6,5 na sombra! 

Privilégio de quem tem BMW: Aquecedor e secador  de luvas... 

No dia seguinte, ainda com alguma chuva em Porto Alegre, deixo a Rocinante na transportadora. Como sempre faço, ela vem de caminhão e eu de avião...  assim os dois descansam.


















Em 3 de dezembro: saindo para Avaré... 

Em 28 de agosto: fim da linha em Porto Alegre.

... ok, eu faço as contas para você... 

...  8.434km




 ...  1.075km desde Montevidéo e 437km desde Rio Grande...

Logo ela estará em casa... virão algumas viagens aqui por perto e mais uma vez planos de retornar à cordilheira.
















"If you reject the food, ignore the customs, fear the religion and avoid the people, you might better stay at home." -James A. Michener



Uma semana depois...   em São Paulo:







Chegou...  ao que parece...  por motivos que fogem ao meu, ao nosso controle...  no final deste ano não vai acontecer viagem...

2 comentários:

  1. Legal Kiko!!!Faltou mais fotos suas...bjs

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  2. MARIA FERNANDA RICCIARELLI11 de outubro de 2023 às 11:51

    Kiko!
    Quem me dera fazer uma viagem dessa!
    Tudo encantador e fascinante!
    Digo que, algumas coisas não precisam fazer sentido, bastam valer a pena!!

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