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Em 1974 um certo Robert Pirsig, professor universitário, publicou em 1974 a sua grande obra: “O Zen e a arte de manutenção de motocicletas”.
Pirsig descreve em uma simples e objetiva narrativa, uma viagem de motocicleta de cerca de 17 dias saindo de Minessota e chegando à California. A viagem foi feita pelo autor com seu filho Chris na garupa de uma Honda CB77 e um casal de amigos em uma BMW R60/2.
O livro tenta narrar a viagem como uma Chautauqua. Chautauquas eram circos ambulantes que percorriam o centro oeste americano na década de 20, sua atrações eram baseadas em fatos corriqueiros da vida ou fatos recentes de noticiário. Uma mistura de circo com Jornal Nacional ambulante. O texto então fica pontuado de percepções filosoficas ou científicas, além de contar sobre a crise que Pirsig teve enquanto lecionava e tentar definir o que é qualidade e seus valores.
O livro tenta narrar a viagem como uma Chautauqua. Chautauquas eram circos ambulantes que percorriam o centro oeste americano na década de 20, sua atrações eram baseadas em fatos corriqueiros da vida ou fatos recentes de noticiário. Uma mistura de circo com Jornal Nacional ambulante. O texto então fica pontuado de percepções filosoficas ou científicas, além de contar sobre a crise que Pirsig teve enquanto lecionava e tentar definir o que é qualidade e seus valores.
Robert Pirsig, Chis, a CB77 e toda a mudança...
Fundamental mencionar aqui que em sua introdução, Pirsig explica que, apesar do seu título "não deverá, em caso algum, ser associada a essa grande massa de informações factuais relativas a ortodoxia da prática budista e tampouco é muito preciso em relação à manutenção de motocicletas". E depois o livro segue na exploração de qualidade em metafísica, da não-intelectualização, do Zen como visualização direta do universo. E sinceramente: muito bláblá blá.
Criei este capítulo por que nos anos oitenta foi moda ler e mencionar este livro. Quem não o leu estava absolutamente alienado. Todos os viajantes de motocicleta ou quem sonhava em um dia comprar uma moto ou um Toyota Bandeirante para viajar , inevitavelmente caía em repetir parágrafos do livro como se fossem mantras.
Veio a Internet, as Harleye as BMW começaram a ser fabricadas em Manaus e o livro caiu no esquecimento. Alias... São poucos o que realmente leem livros!
Me lembro muito bem que li este livro lá pelos idos de 1988. Naquela época eu nem cogitava ter uma motocicleta (embora viajasse muito de carro...) e várias coisas que foram escritas ali me fascinaram.
Veio a Internet, as Harleye as BMW começaram a ser fabricadas em Manaus e o livro caiu no esquecimento. Alias... São poucos o que realmente leem livros!
Me lembro muito bem que li este livro lá pelos idos de 1988. Naquela época eu nem cogitava ter uma motocicleta (embora viajasse muito de carro...) e várias coisas que foram escritas ali me fascinaram.
Fiquei curioso para saber mais sobre a paisagem, sobre os lugares em que ele passou. Fiquei muito mais intrigado pelas chautauquas mecânicas e geográficas do que pelo blá blá blá filosófico.
Então, nos anos entre as minhas duas primeiras etapas, eu decidi ler mais uma vez ler a tal obra que era considerada fundamental.
A primeira coisa que me irritou muito na re-leitura do clássico americano foi a implicância que ele tem com seu amigo. No romance seu amigo John anda em uma BMW R60/2 (uma das motos mais caras e sofisticadas daquela época - eu adoro esta moto!) e se recusa saber como ela funciona. Simplesmente espera que ela cumpra seu papel, coisa que a elegante máquina faz com garbo e sem nenhuma crise.
Pirsig, que anda em uma Honda totalmente inapropriada para uma viagem a dois (lotada de muita bagagem), passsa grande parte do tempo lidando com problemas mecânicos que ele diagnostica e resolve usando suas habilidades lógicas, ou Zen, para solução de problemas.
Entendo que Pirsig desdenha o companheiro por que a BMW funciona e a sua Honda causa os mais variados enguiços.
A primeira coisa que me irritou muito na re-leitura do clássico americano foi a implicância que ele tem com seu amigo. No romance seu amigo John anda em uma BMW R60/2 (uma das motos mais caras e sofisticadas daquela época - eu adoro esta moto!) e se recusa saber como ela funciona. Simplesmente espera que ela cumpra seu papel, coisa que a elegante máquina faz com garbo e sem nenhuma crise.
Pirsig, que anda em uma Honda totalmente inapropriada para uma viagem a dois (lotada de muita bagagem), passsa grande parte do tempo lidando com problemas mecânicos que ele diagnostica e resolve usando suas habilidades lógicas, ou Zen, para solução de problemas.
Entendo que Pirsig desdenha o companheiro por que a BMW funciona e a sua Honda causa os mais variados enguiços.
Chis, o casal de amigos e a superlativa BMW R60.
Eu realmente acredito que os enguiços da Honda CB77 (305cc, 2 cilindros, quatro tempos) eram causados pelo própio piloto: ele mesmo se dispunha a concertar tudo enquanto carregava seu filho e o gigantesco farnel. A lista de coisas que ele carregava me fez rir. Bugigangas totalmente inúteis para alguém como eu. Barracas, fogareiros, machados, facões, panelas e por aí afora. Eu sempre tive muita capacidade de carga e espaço, mesmo assim sempre me esmerei em carregar o mínimo do mínimo.
Enquanto usa de sua filosofia e de um magnífico texto para tentar descrever o que vem a ser qualidade, ele concerta a pobre Honda. As descrições dele sobre o estado dos pneus e de como regular os carburadores são apavorantes.
Creio que a ideia mais desconexa é justamente a frase que eu cresci ouvindo. O autor declara que viajar de moto é diferente por que em uma moto “você faz parte da paisagem”. Bobagem... Você só vai fazer parte da paisagem se cair e for enterrado ao lado da estrada, como se vê nas rodovias Chilenas.
Na verdade eu e os amigos do meu grupo tentamos nos isolar do ambiente e de seus riscos à saúde. Nós nos cobrimos de casacos para o frio, usamos jaquetas, calças e botas que tentam nos proteger do clima e do chão em caso de algum evento não planejado, usamos capacetes super silenciosos e luvas extra quentes... Enfim parecemos mais como astronautas.
Outros motociclistas usam jaquetas idênticas com espalhafatosos bordados nas costas com o intuito de inseri-los em um grupo maior... mas nunca para fazer parte da paisagem.
É verdade que em uma moto a absorção da realidade é muito mais intensa e violenta do que em um carro. Se sente cheiro de tudo imediatamente, se percebe qualquer mudança no ar que te cerca com muita rapidez e absorve a paisagem com muito mais campo de visão.
O Motociclista passa muito mais frio, mais calor, fica realmente empoeirado e totalmente encharcado. Na verdade, quanto mais habil, preparado e rápido voce anda, mais fica isolado em seus pensamentos e mergulhado em seu próprio cosmo.
Viajamos de moto em busca de nossa própria Chautauqua.
Não é beeeem o tipo de hotel que eu gosto... |
Quando fechei o livro pela última vez, lá por setembro de 2013, senti que aquela história é para um viajante diferente, em uma época diferente. O garoto (eu) que leu aquilo nos anos oitenta não existe mais. E fiquei com a certeza de que eu deveria seguir o meu modelo, a minha busca e não adotar o estereótipo de um clássico da literatura do século passado.
"A motorcycle functions entirely in accordance with the laws of reason, and a study of the art of motorcycle maintenance is really a miniature study of the art of rationality itself." ~Robert M. Pirsig, Zen and the Art of Motorcycle Maintenance
Muchas Gracias Señor!!!
Logo após a publicação do livro, seu filho Chris foi morto durante um assalto. Quem sabe tenha sido este o motivo para ainda mais reclusão. Publicou seu segundo livro somente em 1991.
Em dezembro de 2012, a Universidade do Estado
de Montana lhe agraciou com um título de doutorado honorário em filosofia
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Boas lembranças !!! Isto é viver ...
ResponderExcluirOI Fabio!! Obrigado pela visita e pelo comentário, espero logo ter coisas novar para publicar...!! Abraços!!!
ExcluirBoas lembranças !!! Isto é viver ...
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