domingo, 5 de março de 2017

De volta ao país da Lava Jato







Dormi mal e acordei cedo, fui tomar café da manhã e voltei sonolento para o quarto. As 09:00 o calor já era de 26 graus e o céu quase coberto de nuvens. Ver nuvens logo pela manha neste lugar não é um bom sinal. Me apressei em sair do excelente hotel. depois do check out eu voltei para o buffet e com a maior cara de pau abasteci a garrafinha de suco de laranja e fiz dois ótimos sanduíches!


Não usei a saída principal da cidade, saí pelo antigo bairro industrial e elegante. Várias casas das decadas de 20 e 30 e varias industrias abandonadas. O lugar tem uma guarnição importante do exercito, aqui aconteceu uma batalha fundamental na guerra do Paraguai.










Cruzei a ponte General Belgrano eram 09:20 e 28°C
A estrada foi a mesma do dia 23 de dezembro de 2011, desta vez no sentido contrário, o que traz novas cores e imagens a qualquer roteiro. E realmente aquele trecho em uma manha de sol foi mais bonita.  Some falta de predicados da região, ao calor, à ameaça de chuva à tarde, aos pneus já dando sinal de fim de vida e o fato nada feliz de voltar para casa. Todos os motivos para estar de mal humor, mas eu estava feliz e tudo estava correndo bem..



Antes de Posadas (que é o meio da viagem)  aconteceram somente duas barreiras de policia, parei em ambas, conversei com os simpáticos camineros e prossegui sem mais problemas.



Foram 315 km até Posadas , que cumpri em pouco mais duas horas e meia, ótima média. O trajeto deveria ser arruinado pelo modorrento trecho em que RN12 passa por dentro da cidade. Mas agora existe uma estrada que passa pelo sul da cidade, mas ha poucas placas, só quem conversa com a policia sabe disto.


 A partir de Posadas a estrada fica um pouco mais divertida, com sobe e desce suave, florestas e algumas curvas. Mas com ima infinidade de barreiras de policia, desisti de falar com eles e mal os comprimentava... 

Eram 15:30 quando parei para gasolina com aprox. 420k rodados, no vilarejo de San Ignacio Miní. Aproveitei e descansei, olhei muito as nuvens, reclamei dos 36°C.


































Parei naquela vila para visitar as ruínas Jesuítas, um dos sete povos das missões. As ruínas em San Ignacio Mini são gigantescas e lindas!!! 

Extremamente organizadas e são as segundas em tamanho das que sobraram da colonização Jesuíta na América.









Minha especialidade são vulcões, altitude e rochas...portanto não sei explicar nada sobre San Ignacio Mini...  Mas precisam ser visitadas, ficam à somente 200km de Foz do Iguassu (em termos andinos não é nada!).




















A partir dali seriam somente 180km até a minha última aduana, desta vez para entrar no Brasil. Sentimentos confusos: saudade do altiplano, calor, vontade de voltar para casa, conformado q se chovesse eu ia me molhar mesmo, saudade dos amigos, dos vulcões, dos simpáticos Inchús e da minha casa em São Paulo. 

Era domingo, a estrada estava lotada e cheia de policiais.

O caminho realmente fica bonito, algumas florestas baixas, bosques de pinheiros e logo chego à aduana. Muitos pássaros e muita vida, ri muito quando uma ratazana passou pela minha frente: acá hay Ratones y Culebras!!! 

O processo de aduana Argentina foi simples e rápido e a aduana brazileira estava apagada, nenhuma alma trabalhando! Se eu estivesse com drogas ou armas seria bem vindo. 






























Logo após a saída da alfândega, que parece um enorme pedágio, há o acesso para o manjado shopping Dutty free, me deu uma vontade de não chegar ao hotel, então entrei para o lugar. Estacionei a Rocinante entre carros novos e limpíssimos, perto do acesso onde param as vans de turistas. A moto imunda e cheia de coisas amarradas, eu queimado do sol e frio, barbudo e com as roupas encardidas de Andes. A minha mãe diria que não entrava comigo no shopping para não passar vergonha. 

Fui mesmo assim para espanto das famílias católicas que compravam chocolates e cosméticos... Por falar em cosméticos nenhuma daquelas meninas lindas das marcas caras de cosméticos quis me ajudar nas compras...   tive que chamar uma índia guarani. Eu realmente precisava voltar a fazer parte da civilização.

Saí do shopping era noite. Mais uma vez cruzar a ponte com sol se pondo foi lindo. Logo depois da ponte fica a aduana Brasileira, não havia nenhuma alma para me receber. Entrar oficialmente no Brasil em uma noite quente foi gostoso.

Pena, queria mesmo é ter sido recusado no Brasil e ser mandado de volta ao deserto gelado e sem ar.












                       

                        





"Half the fun of travel is the aesthetic of lostness.” – Ray Bradbury



                           Etapa de hoje:  650,6 km
Tempo andando: 07:02
Tempo total: 08:31
Distância acumulada: 6.530 km











2 comentários:

  1. Que viagem incrível!!!! Adorei a narrativa... Abraços!

    ResponderExcluir
  2. Kiko, está show o blog. Faça uma ótima viagem com todo cuidado necessário. Abração, Jafet.

    ResponderExcluir