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Experimente!!!
Only if you have been in the deepest valley, can you ever know how magnificent it is to be on the highest mountain.- Richard Nixon
Há uma polêmica de botequim sobre qual é o Paso mais bonito nos Andes. A grande maioria só conhece o fácil Cristo Redentor (clique aqui: Paso cristo redentor). Outros foram abençoados em passar pelo Paso Jama em um dia de sol (clique aqui: Paso Jama 2010 ou paso Jama 2017). Os viajantes realmente cabrones que eu admiro se dividem entre o Paso de San Francisco (clique aqui: Paso San Francisco) e o Paso de Agua Negra. (para resumo dos pasos andinos, clique aqui: resumo pasos andinos)
Então para tirar esta dúvida, hoje foi o meu dia de experimentar o caminho pelo Paso de Agua Negra!
Resolvi a crise de habitacion (Fugi da medíocre pousada 50 nudos em Rodeo, arrumei um quarto em uma casa de família na vila da Las flores, deu muito trabalho mas encontrei) eram quase 10:00 e estava sendo tratado como um rei pela Señorina Victoria Abache. Uma casa humilde, limpíssima e ultra aconchegante. passei dois dias lá pertencendo À familia dela
Talvez um dia eu conte todo o rolo de ontem a noite e de hoje de manha para sair de um hotel-arapuca e de um gerente sem vergonha (posada 50 Nudos? evite!!! um lixo!!!).
Em Las flores [alt.:1.879m 11:50 24°C] ha um ótimo posto de gasolina, eu tinha cerca de 90km restantes de autonomia, calculei o que iria andar naquele dia, mais margem de segurança e coloquei somente 10 litros de combustível. Como o café da manha na pousada-aloprada em Rodeo foi a definição de horror, eu aproveitei para tomar um café da manha de gente na lojinha do posto, la haviam duas mocinhas bonitinhas que ficaram me paparicando e preparam um sensacional chocolate quente com café.
alimentação nutritiva dos bravos descobridores andinistas!!! Com direito a bebida caliente na garrafinha térmica.
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Acima: estrada em obras e o começo do rípio... Ao fundo o bloco central da cordilheira, repare nas nuvens coladas nas montanhas.
Abaixo: regulando a moto para andar fora do asfalto.
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Acima e abaixo: Nuvens na cordilheira, eu ja esperava por isso...
Abaixo: No posto da gendarmeria, uma ótima conversa, como sempre!!! alt.: 2.949m
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A ideia era subir a cordilheira com a moto bem leve (só carreguei uma mala... o resto ficou com a gentilíssima Señora Victorina). Logo virei para oeste e parei na pequena aduana argentina, que fica logo quando a cidade acaba.
Este Paso só está aberta por 4 ou 5 meses no ano, só se pode atravessá-lo entre outubro e abril, confesso que estava com medo de estar fechada por conta das tempestades de fevereiro.
O Chile estava nos planos originais. Aconteceu que eu perdi o entusiasmo de subir a costa do pacífico pela pasteurizada e modorrenta Ch5, e à medida em que eu desenhava este roteiro, mais eu achei graça nos caminhos pela Argentina, os caminhos difíceis por onde muito poucos passam.
Havia uma certa confusão e muito movimento na fila da aduana, era carnaval e a estrada estava cheia de turistas. Descobri que estava na moda ir ao Chile, pegar praia e hacer compritas, portanto a aduana estava com filas enormes de argentinos y su coches.
Contornei a fila e estacionei a moto. Fui abordado por uma senhorita baixinha meio azeda. Então expliquei à jovem e gorduchita oficial na aduana que eu somente iria até o topo da montanha e depois "volveria a mi querida Argentina!" Foi só falar mal dos chilenos para que eu fosse tratado como hermano e com sorrisos. A Gordichita sorriu, me abraçou e me mandou sair, desde que retornasse antes das 17:00. Foi enfática: "La aduana se cierra a las cinco"!!!
Me alertaram sobre lo hielo no piso. Nos três dias anteriores choveu bastante e a temperatura baixou muito. Havia uma grande chance de não me deixarem entrar naquele trecho! Vejam as fotos e reparem na tempestade sobre a cordilheira
Saindo na aduana e voltando para a estreita ruta, segui por um platô em aclive. O lugar - RP150, estava totalmente em obras e em vários lugares o acesso foi por desvios laterais. Da Aduana até o começo do asfalto novo foram coisa de 28km nos quais se sobe até 2.800m.
Neste trecho a estrada segue perpendicular à cordilheira principal, rumo oeste, se vê com muito destaque a grande parede de montanhas que me esperavam. Deu frio na barriga! A medida que eu me aproximei da cordilheira, a sensação é de que as morros são baixos e que o caminho é simples. Durante o trecho em obras, eu parei a moto, tirei pressão dos pneus e recalibrei a suspensão para o pouco peso e estrada de rípio.
O rípio da obra de repavimentação começou com uma ótima surpresa: tranquilo e largo. Os pneus me surpreenderam com a estabilidade e segurança da moto. Consegui uma média bem maior do que os 30km/h que eu estava acostumado. Parei na Gendarmeria (alt.:2.949 ; 17,5°C - 35km depois da aduana) para o papo mole de sempre e para saber da estrada. Indiretamente avisei: “estoy entrando por acá... No me olvides!!!".
Coloquei os casacos mais quentes porque eu sabia exatamente o que iria encontrar em poucos minutos.
Eu estava esperando somente 30km de asfalto, mas o trecho depois da gendarmeria está totalmente novo e construído em asfalto com as serras em concreto. Foi uma ótima surpresa, mais uma estrada novíssima e fantástica.
A geologia logo ficou familiar e eu sorri matando a saudade deste lugar único. As rochas que uma vez foram fundo de mar mostram várias cores, seus estratos muito bem definidos e todos inclinados. E também havia a já costumeira falta de vegetação. Pronto: estava de volta ao meu playground! Algumas vária Llaretas e as simpáticas Ichus (Stipa ichu). Eu sorri muito por dentro do capacete!
Logo começou o que eu estava vendo desde a aduana, a chuva gelada e forte.
As encostas que formam os vales são muito inclinadas e as montanhas são altas. À frente e à minha direita eu via os picos nevados de rocha vulcânica que formam a crista de cordilheira e a divisa entre os países. Parece claustrofóbico, mas é monumental!
E a estradinha, na verdade um trecho novo, pavimentado em asfalto e concreto, subiu seguindo pelo deserto absoluto e fomos, eu, Rocinante a as câmeras a uma velocidade confortável. Logo estava a 3.719m de altitude e a temperatura caiu para 6,5°C. Naquele ponto acabou o fantastico pavimento de asfalto/concreto que foi prontamente substituído por pedras e lama... o fantástico rípio que afugenta os rarlêros!!!! A camada de nuvens clareou no caminho à frente, a chuva parou e a estrada seguiu por um bom trecho seco.
Abaixo: altitude,chuva, frio e lama. Onde estão os rrarlêros do motoclube???
Acima: faziam cinco anos que eu não via uma LLareta!Abaixo: Eu e Rocinante (fazendo pose de ditador coreano), repare que o piso secou e havia ameaças de céu azul... |
Acima: Aqui, um dia, começará o túnel sob os andes que levará à praia chilena... Tipo da obra fácil!!! Alt.: 4.095m
Abaixo: o caminho segue e o clima engana!
Nos próximos 30 minutos surgiu um aviso: à medida em que a altitude subia, a temperatura também subia (isto se chama razão adiabática negativa) logo estava 400m mais alto e com 11,5°C. Eu sabia que este fenômeno, junto àquelas nuvens era mau sinal...
E fui subindo, devagar e com cuidado, a coisa é facil mas apertada. Meu único medo eram os boludos do boca juniors descendo a estrada sem nenhum bom senso...
Acima: Aqui começa a parte mais impressionante da subida.Alt.: 4.427m
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Acima: Êêêta estradinha apertada. A fantastica combinação de barranco com precipício! Abaixo: 13:35, 4.542m de altitude, 81,5km depois da vila. |
Acima: café caliente, um privilégio! Repare na total falta de vegetação. |
Acima: Não sou tão heroico assim... esta garrafa de oxigenio me ajudou bastante! |
Quando cheguei a 4.400m percebi que o vale terminava logo à frente e que a estrada agora seguiria por caracoles na fralda de uma enorme montanha, subindo até a fronteira. Pelas fotos eu imaginava que o lugar era amplo com considerável distância entra as montanhas. Na verdade o lugar é uma garganta dos diabos, com 1.500m de diferença entre o vale e o cume das montanhas! Eu não esperava algo tão bonito!
Fui aprendendo a pilotar com aqueles pneus na terra e em vários moimentos na lama. Eu nunca senti tanta segurança antes! Incrível.
Os caracoles da estrada são aflitivos: se eu me perdesse ou eu batia no barranco ou deslizava até o fim do vale. Buzinei várias vezes em algumas curvas... Por precaução e para ouvir o eco! Coisa de silvícola paulista que buzina em túnel.
Por estar ali no auge das tempestades do fim do verão, eu não esperava muitas capas de gelo. MAs tive a grande sorte de ser abençoado por penitentes muito altos!!! Este gelo delicado não é formado por neve ou chuva, ele simplesmente acontece capturando a pouca umidade que o vento traz do oceano (que está a somente 150km em linha reta a oeste). Por conta da direção do vento e do calor de Inti, o gelo forma pontas, que se parecem com monges rezando, daí o nome: Penitentes!
Los Penitentes: Que linda surpresa encontrá-los tão altos!!!
Abaixo: foto tirada por uma das lindas adolescentes...
Fiquei muito tempo parado ali (4.585m 6,5°C), Varios carros pararam por ali.... entre eles um casal extremamente simpático e outro com uma familia de argentinos com várias adolescentes lindinhas!!!! E foi uma festa de fotos!!! A neve nos alpes europeus é bonitinha... Mas isso aqui é magnífico!!!
A montanha que dá o nome ao lugar (Cerro Agua Negra) é enorme, imponente e fica logo ao sul da estradinha, debaixo de uma nuvem grossa!!! Cheguei na divisa Argentina-Chile eram 14:30, um vento muito forte vindo do vale e a temperatura de 3.5°C...
Altitude de 4.780m. Eu estava mais do que a vontade, bem agasalhado e só sentindo o frio queimar as bochechas e a ponta no nariz.
Fiquei me divertindo naquele fio e vento, e sileenciooo. Minha previsão estava certa: aquele comportamento estranho da temperatura trouxe uma tempestade de gelo (não era neve, eram pedras pequenas), vento muito forte e a temperatura caiu para 1,5°C. Eu feliz parecia criança em tanquinho de areia!!!
No Paso existem as placas de sempre e alguns monumentos bem bobos. So havia um casal de amigos parados e ficamos numa ótima conversa! Nenhum motociclista. O grande monumento era sem dúvida o Cerro Agua Negra e a combinação rocha/céu/gelo e muitas nuvens.
Estacionei com cuidado bem fora da estrada e me dediquei ao café com leite quentíssimo e a um nutritivo salgadinho sabor Queso. Eu me sentei em uma pedra, ajustei as câmeras, resgatei o binóculo de dentro do casaco e tirei o capacete para apreciar melhor o banquete. Não deu três minutos e o capacete voltou para a cabeça: tudo doía com o vento gelado e as pequenas pedras de gelo machucavam.
Fiquei mais de uma hora ali com o binóculo olhado para tudo. Nada se movia, o céu é de um azul inigualável quando aparecia entre as nuvens e as rochas brilhavam quando o sol aparecia.
Como eu dormi ontem a 1.800m os efeitos traiçoeiros da Puna não estavam me afetando muito... ou estavam?
Por que será que eu gosto de estar em um lugar congelante, sem nenhuma vegetação, a quase 5.000m de altitude e pasmo com qualquer morro cor de rosa que eu vejo?
Eu sou assim mesmo ou será o mal da altitude?
Acima: Esta é a vista para oeste, a descida no lado Chileno. Abaixo: Cheguei!!! |
Acima: Imagens na fronteira: Frio, muito vento, gelo. É sempre um lugar mágico!!!
Acima; O verdadeiro andinista só carrega alimentos saudáveis e naturais.... Abaixo: Começando a descida e aprendendo como se anda morro abaixo. |
Perdi a conta do tempo que quando percebi eu tinha somente uma hora e vinte para descer e chegar à aduana!!! Comecei com calma e aprendendo como se anda pirambeira abaixo com aqueles pneus... Um excelente treino. O tempo piorou e a chuva reapareceu, a temperatura nao aumentava muito à medida em que a altitude baixava. Culpa da falta de sol...
Lá pelas tantas surgiu
uma placa dizendo que a aduana estava a 55km, portanto eu deveria fazer uma
media de 62km/h para chegar lá as 17:00!!!
Então meu amigo, eu tive que
aprender a andar rápido naquele rípio encharcado!!! Assim que a ladeira ficou
menos íngreme eu me vi andando a 70kmh na terra! Tudo graças aos pneus. Eu
nunca me imaginei andando tão rapido fora do asfalto!!!!
Acima e abaixo: Durante a descida um outro clima e outro visual.
Passei pelo posto de policia eram 16:30, portanto a média minima teria de ser de 60kmh o que foi muito facil!
Cheguei na aduana as 16:58, 26°C. Havia uma enorme fila, a qual eu prontamente furei. O oficial veio falar comigo puto da vida... Contei meu caso para o guarda, mencionei a moça que me orientou.
Quando algum chileno buzinou para protestar sobre meu fura-fila o guarda começou a me tratar bem, conversamos animadamente e ele me mandou procurar a tal oficial gorduchita, isso com nós dois às gargalhadas!!!
Acima: No imenso vale onde ficam Rodeo (lugar péssimo) e Las Flores (lugar legal). Bem ao fundo o bloco de montanhas se chama Cuesta del Viento, atrás desta cuesta fica o vale e San J. de Jachál;
Deu uma certa tristeza ou saudade do dia de hoje... Eram 17: 20 quando desliguei a moto na garagem. Mas antes, por conta de um degrau que eu não vi, eu derrubei a moto!!!
Foi o grande acidente da viagem e foi divertido levantar a moto com o Franco , o simpatisíssimo filho da Señora Victorina!
Abaixo: O mapa mostra o caminho, mas o asfalto segue por uma excelente estrada até cerca de 40km do paso. Caminho fantástico!
O mapa acima mostra o início da etapa em Rodeo, onde dormi ontem na pousada-largada, nesta noite durmo em Las Flores, na aconchegante casa de la señora Victorina.
Para quem quer passar pelo Água Negra, evite a vila de Rodeo, use a vila de Las Flores, além de mais perto, muito mais gostosa e honesta!!!! A Posada 50 Nudos em Rodeo é um horror e seu gerente um alucinado mentiroso! Dedico um bom tempo deixando avaliações negativas daquela espelunca em todos os sites de viagem.
Etapa de hoje: 200 km
Tempo andando: sn
Tempo total: sn
Distância acumulada: 2.383 km
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