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Um Abraço, Kiko Barros.
Novo texto revisto e com a narrativa do trecho até Fiambalá - versão novembro 2017
ALGUNS COMENTÁRIOS FEITOS EM 2019
Agora que a net voltou... ou acabou a ressaca do carinha que liga o wi-fi aqui no hotel... vou publicar as imagens do dia 31 com alguns comentários.
Quando estiver no Uruguay completo a história.
Acima: Parece fácil, o piso parece liso, o dia parece lindo... Ao fundo o Vulcão Trez Cruces 6.749m. Note a cara de saco cheio...
Depois de 60km de pedras soltas, 4.550m de altitude, vento muito forte e 12C. Parada para água e comida. me sentei na beira da estrada e fiquei olhando tudo pelo binóculo, é tudo lindo. Quem sabe um dia com o asfalto pronto...
Começaram os efeitos da altitude e desidratação: me sentei no monte de cascalho com o binóculo e sem perceber se passaram 40 minutos olhando pro mesmo lugar!!! Depois de quase meio litro de água e uns chocolates, eu voltei a pensar mais ou menos normalmente.
Agora que a net voltou... ou acabou a ressaca do carinha que liga o wi-fi aqui no hotel... vou publicar as imagens do dia 31 com alguns comentários.
Quando estiver no Uruguay completo a história.
Acima: Estatua à Liberdade - cedida pelo governo Chines comemorando o resgate dos mineiros em Copiapó. |
Aqui nada enferruja... esta é a caminhonete de apoio esperando a equipe de pavimetação da estrada... |
1.000 metros e 19 Graus... muuuuito gostoso!!! |
Não, não são Llamas... são a versão andina da minha moto! |
Acima, Foto tirada a 3.780m altitude. O Chile fica para trás. Pena pelos lugares e pelo visual... mas eta mulherada feia!!! |
Acima: Parece fácil, o piso parece liso, o dia parece lindo... Ao fundo o Vulcão Trez Cruces 6.749m. Note a cara de saco cheio...
Depois de 60km de pedras soltas, 4.550m de altitude, vento muito forte e 12C. Parada para água e comida. me sentei na beira da estrada e fiquei olhando tudo pelo binóculo, é tudo lindo. Quem sabe um dia com o asfalto pronto...
Começaram os efeitos da altitude e desidratação: me sentei no monte de cascalho com o binóculo e sem perceber se passaram 40 minutos olhando pro mesmo lugar!!! Depois de quase meio litro de água e uns chocolates, eu voltei a pensar mais ou menos normalmente.
Acima: Este agradável e aconchegante lugar se chama Mulas Muertas... por que será que tudo por aqui vem com o sufixo Muerto? Mesmo que as mulas morram, o lugar é maravilhoso!!! Abaixo: logo à frente, las Barrancas Blancas, ao fundo um maciço de vulcões. No vale láaa na frente fica a Laguna Verde, que também está Muerta! |
Acima: Complexo vulcânico Nascimiento, com seu pico mais alto bem ao fundo. |
Acima: O Ojos del Salado está bem a direita na foto. Imediatamente a direita da placa se vê o Vulcão El Muerto com 6.450m de altura. Foto tirada a 4.460m altitude. |
Acima: O Ojos del Salado só apareceu neste momento, o vulcão mais alto do planeta, 6.853m. Está ativo com sua última manifestação em 1993. Repare nos caminhos marcados no deserto.
O trecho das fotos acima continuava sem pavimento em 2019
Se eu não estivesse tão cansado da estrada péssima e já meio biruta da altitude, teria seguido a trilha para o Ojos del Salado trilha até uns 5.200m de altitude. ( ah! Ah! Ah! AH! AH! sentado na minha cadeira em São paulo é fácil dizer isto!!!)
No dia seguinte ele estava ainda mais encoberto. Eu volto para cá... só para chegar mais perto dele!!!
Passei meses estudando a Plaza de Volcones (o nome deste lugar) a maior concentração de vulcões no planeta, e o Ojos del Salado esta encoberto!! Um Puuuta vento Sul, as nuvens se movendo muito rápido ...este lugar não é para curiosos, apesar da estrada ser fácil.
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Hernán Donoso e su señora!! O mais que simpático casal que estava passando uns dias no abrigo na Lagoa Verde (ou Laguna Muerta...). Ele instrutor de alpinismo e guia ao Ojos del Salado. Simpatisíssimos!!!
Parei na Laguna Verde, um lugar Hipnótico, e encontrei o casal Donoso. Aliás, TODAS as pessoas que eu encontrei pelo caminho foram legais, interessantes e muito diferentes. Tomei uma Puta bronca do Hernán!! Ele me disse que eu me movia muito rápido, falava rápido e não respirava. Naquele lugar não ha pressa para nada, disse ele. Cada gole de ar é mais raro que um gole de vinho... Esta lição me foi muito útil!!!!
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Acima: A lagoa é indescritível!!! Ela é grande, a água absolutamente transparente e o fundo de rochas claras dá um senso de profundidade único! A medida que o sol e as nuvens se moveram, a cor que a lagoa irradiava mudava de tom, a cada cinco minutos a impressão é que tinha trocado toda a água do lugar! O vulcão mais próximo e à direita é o El Ermitaño, 6.146m. Esta cabana é usada por alpinistas para se aclimatarem antes de continuar a subir. Ficam no mínimo 4 dias antes de prosseguir.
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Fiquei ali por cerca de uma hora. A água é salobra, cheia de minerais diferentes, por exemplo cobre e arsênico, daí a cor. extremamente transparente e geeeelaaaada!!!! Saber que não se pode nadar alí por causa da temperatura e saber que não há vida na lagoa deixa o lugar meio fantasmagórico... Lógico que eu pus os pés e molhei as mão na lagoa!! Quando seca sobra um sal branco muito fino que cola em tudo... na mão nas botas, na camera fotográfica... a agua é extremamente salgada e fiquei enjoado de experimentar. |
Acima: Ao Fundo da foto aparece o complexo vulcãnico Nascimiento.Foto tirada a 4.340m altitude.
O gentil casal. Procurei, sem sucesso, contato com ele durante estes anos... nunca mais o encontrei. |
Oooopsss! Moto Muerta!!! graças ao Hernan voltei pra estrada.. repare que a foto está torta! Primeiros efeitos graves da Puna!
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Acima: Complexo Vulcanico Falso Azufre, 5.890m |
Acima: faltavam dois km para o Paso. Esu estava quase arruinado de cansaço e totalmente Punado... à direita o Vulcão san Francisco, que dá nome ao lugar. Faltam dois Km.... 8 graus e 4.650m. Começo realmente a sentir La Puna!!! Assim que pulei para fora da moto me deu vontade de desmaiar, me segurei na moto e respirei muito, me movi muito devagar e passou. Pensei que aquele lugar logo se chamaria Kiko Muerto...... bem melhorou um pouco somente... eu fiquei beeem biruta! Em 2017 o trecho entre o paso e a laguna estava com seu trecho totalmente retificado, mas ainda em terra. Foi muito difícil passar por la. veja o capítulo "deixando de ser teimoso" em 27 fevereiro 2017. Como informação: em setembro de 2019 o trecho entre o Paso e a aduana em Maricunga foram totalmente pavimentados. Adeus rípio e chega de dificuldades! Abaixo: Tirei muitas fotos do lugar, todas ficaram tortas e a maioria inútil!! Muito engraçado!! A medida que eu vou ficando cansado, eu paro de tirar fotos e de filmar... pena isto. |
Cheguei!! com uma roda no asfalto e outra no rípio. Ao fundo o Vulcão San Francisco. Foto tirada a 4.758m altitude. O portal foi derrubado por uma ventania em 2016, em 2019 continuava no chão.
Cheguei ao Paso! Que vitória!!! Naquele ponto resolvi encher os pneus da moto e colocar mais um casaco. Percebi o quanto a Puna me afetava: dava voltas e voltas pela moto sem conseguir me concentrar. Eu não terminava nenhuma tarefa simples, como retirar o banco, ligar o compressor etc. Abria a garrafa de água e não bebia, colocava uma manga do casaco e saía andando... Cada rotina era interminável
Lá pelas tantas eu olho para o deserto, o que eu vejo a cerca de uns 50m de onde eu estava??? MEU CAPACETE!!!! Como ele foi parar lá? Não foi o vento não, eu estava tão doidão que larguei ele lá e não me lembrava!!
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Aposto que você não leu o post " chegando em nova toledo" do dia 30 de dezembro... |
Acima: O caminho Argentino estava imerso nesta neblina e com chuva... que final de dia!
Agora só faltava descer tudo aquilo... Veja o que me esperava: neblina, chuva e a noite... já vi este filme antes.... Iniciei a descida, havia pouco vento, completamente biruta da Puna eu me fixei na faixa central e fui devagar. Visibilidade uns 100m, eu contava a altitude e mais uma vez festejei muito por meros 10C de calor!!! A 4.100m eu já estava normal de novo...
A aduana fica a 4.000m de altitude, de frente para o salar de San Francisco e com uma vista magnífica para a o vulcão Incahuasi. Já estava quase anoitecendo e começava uma chuva bem fina, o que esquentou um pouco.
Fui muito bem recebido por gente extremamente humilde. Ficamos um pouco de conversa e daí cada um se sentou em sua escrevaninha para o trabalho de me admitir em seu país. O processo é burocrático mas não foi demorado e a conversa foi boa. Existe um curioso protocolo: Primeiro o sujeito “a” recebe meus documentos, depois fui à mesa do Sujeito “b” para assinar um livro enorme, parecido com os livros antigos de cartório no Brasil, o sujeito “c” me devolve o papelório com formalidade. Fiquei observando o grande forno de metal fundido, movido à lenha, que serve para aquecer o local. Me perguntaram se eu iria ficar na pousada para alpinistas, e mais uma vez eu recusei. Curiosa esta minha mania de me prender ao pré-estabelecido e não enxergar uma possibilidade mais segura. Teria sido muito mais interessante, confortável e seguro ter dormido naquela pousada quente e seca a 4.000m.
Saindo da aduana ficam Las Peladas (uma muralha de montanhas nevadas, não são meninas...), totalmente escondidas nas nuvens e o começo da Quebrada de Chaschuil, o vale que me levaria a Fiambalá. A pouca luz do dia (ja eram quase 20:00) e as nuvens baixas deram um tom marrom escuro às plantas que normalmente são douradas sob o sol e deixou as rochas negras ainda mais negras: a cena era fantasmagórica.
A cada minuto a altitude diminuía, a temperatura caía e a luz desaparecia. As únicas coisas que aumentavam eram a chuva e meu cansaço. Segui descendo a cerca de 140 km/h. Apesar de tudo, eu estava tranquilo e com muito combustível a bordo.
A noite ficou realmente escura. Depois de uns 85 km da aduana, cerca de 3.400m de altitude, percebi no meio da escuridão um edifício grande que parecia um oásis naquele frio e chuva. Tratava-se (fiquei sabendo dias depois) do Hotel Cortaderas, um quatro estrelas encrustado naquele vale. Decidi entrar. A estradinha de acesso era muito ruim e estava chovendo mesmo. Fiquei preocupado porque não via nenhuma luz acesa em nenhuma janela. Percebi que no final do edifício, onde talvez fosse o concierge (imaginei meninas bonitas, sorridentes, solícitas, impecavelmente trajadas e me recebendo em francês) havia algumas salas iluminadas. Estacionei onde pude, ao lado de onde estava iluminado e entrei.
Fui muito bem recebido por dois adolescentes de camiseta, shorts e descalços. Os simpáticos eram da equipe de manutenção que ficou ali para tomar conta do hotel enquanto estevess fechado. Imediatamente me lembrei do filme “O Iluminado”! Correu um frio na espinha: aqueles garotos iriam me colocar para dormir, depois iriam me cortar em pedacinhos, vender meus órgãos e a Rocinante viraria motor de gerador, com suas rodas equipando uma carroça... Realmente me deu medo. Nem perguntei se eu poderia dormir ali. Acho que alguém ofereceu uma cama, mas o pavor era tamanho... Não aceitei o café apetitosamente quente e arrumei uma desculpa para desaparecer dali!!! Por isto que eu acredito que quanto mais televisão eu assisto, pior eu fico!!!
A estrada segue sentido sul por um padrão repetitivo, trechos de reta com pouca inclinação, e a cada 10 ou 15 km uma serrinha mais íngreme. Apesar da escuridão total eu conseguia viajar a 140 ou até 160 km/h. Andei muito tempo entre 3.400m e 3.200m de altitude. Mais uma vez eu celebrava cada 100m de queda na altitude e cada grau que a temperatura subia. Quando marcou 15 °C , eu abri o capacete, os zíperes da jaqueta e comemorei o “calor”. Com o “calor” a chuva fina sumiu e a estrada ficou realmente gostosa.
Cheguei ao centro dde Fiambalá (que tem quatro ruas sul-norte e menos de uma dúzia de travessas) eram 21:45. Apesar do dia intenso eu não estava cansado. Parei na praça (a principal e a única...) e toda a polícia veio me ver! Muito simpáticos, as mesmas perguntas e o espanto em saber que estou sozinho. Indicaram-me onde ficava a Hosteria Municipal e logo eu estava no quarto com um excelente banho e ar condicionado.
O simples e pequeno hotel estava fechado para uma ceia de ano novo, o dono do restaurante me acomodou em uma mesa em um canto isolado. Não quis participar do regabofe e fui brindado com um bifinho, salada e cerveja. Era mais do que eu precisava naquela noite de ano novo. Logo estava de volta para o meu quarto com ar condicionado. Ar Condicionado? Sim!!! Para quem está a dez horas aclimatado a não mais do que dez graus, 23°C são um forno!!!
Foram 7:44 de deslocamento para percorrer 543km (70 km/h de média, rápido memso). Contando minhas paradas para fotos, caminhadas atrás de plantas e insetos, bate papo com os raros seres humanos, paradas na aduana, para água, para descansar do rípio infernal e ficar feito bobo hipnotizado pelos vulcões, foram 12:40 de viagem.
Quando me deitei senti saudade da Puna, do pedrisco solto, do vento, das dificuldades. Desmaiei na cama ultra confortável e não ouvi os fogos de artifício comemorando o ano novo...
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No dia primeiro de janeiro daquele ano a organização do Rally Dakkar cancelou a etapa Fiambalá- Copiapó por considerar o trajeto perigoso.
São dois os vídeos desta etapa: De Copiapó ao Paso de San Francisco - Nova versão De Fiambalá ao Paso San Francisco "A good traveller has no fixed plan and no intent on arriving." -Lao Tzu |
Kiko, boa tarde! Não sei quando e se vc vai receber e ler isto, mas preciso de ajuda! Me chamo Marcio, sou de Campo Grande/MS, motociclista, e vou fazer o Paso San Francisdo e Agua Negra entre os dias 23 e 30 de março/2013. Vou fazer sentido Argentina - Chile, saindo cedo de Fiambalá com meta de dormir em La Serena. No outro dia saio cedo de La Serena e volto para a Argentina. Acha possível? Será que já asfaltaram estes 80 km de cascalho solto que vc passou ano passado? Tem o contato com a gendarmeria de Las Flores, antes do Paso San Francisco? Vamos em 4 GS1200 Adv e 2 GS800. Acha que temos que levar gasolina reserva (as 800, é claro!). Abçs!
ResponderExcluirMarcio A. Roberto
Campo Grande/MS
(067)8112-6939
http://www.confrarianaestrada.blogspot.com.br/
Kiko, outra coisa: depois que atravessa a aduana argentina sentido Chile, tem muita bifurcação e chance de errar o caminho? Uso e gosto muito dos mapas do proyecto Mapear, e nunca me deixaram na mão. Uso o Garmin Zumo660 tbm. Acha que consigo sair de Fiambalá e chegar em Copiapó ou La Serena tranquilo em um dia, sem muita parada e "enrolação". Claro que vamos parar para fotos, lanches, bater fotos, etc... Mas a minha meta seria dormir em La Serena... Abçs!
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