sábado, 25 de dezembro de 2010

O caminho entre dois pontos é uma reta...



Choveu durante a noite e amanheceu um dia lindo! Depois de resolvidas as etapas malas e check out, começou a fuga de Buenos Aires. É manha do dia 24 de dezembro, mesmo com espírito natalino os adoradores-de-maradona continuam dirigindo muito mal!

As estradas argentinas são impecáveis. Andei uns 50 kilometros até encontar um daqueles fantásticos postos da YPF, que tem uma gasolina fantástica (recomendação do Regis). Fora da capital, os argentinos são agradáveis e dispostos a ajudar. Como sempre em todos os lugares, tem sempre um tirando fotos da moto, é só chegar e cumprimentar que se o sujeito for educado começa sempre uma conversa ótima.  Naquele lugar, o gentil senhor conhecia tudo na região de Mendoza e me orientou a ir via San Rafael, segundo ele, seria “más tranquilo y hermoso”. Perguntei se no deserto havia algum risco (de segurança ou crime, eu imaginei), ele sorriu e me respondeu: No señor! No hay ni ratones y ni culebras!!!

O “bonito” eu entendi... o “tranquilo” eu ia descobrir...

Esta estrada que vai até os Andes é muito importante, todo o fluxo Chile Argentida e toda a produção desta rica região sai por esta estrada, que começa dupla com quatro pistas e fica pista simples só 120km depois...  Bem, é um tsunami de caminhões e carretas enormes, juntos a Cirtroens e Renaults do século passado. Fila indiana com todo mundo andando mais rápido do que seguro. Existem muitas linhas de trem, e nenhum viaduto, imaginem a confusão.

A paisagem é linda, fazendas pequenas bem organizadas e muitas arvores. Sol, e cerca de 28 graus. Muito bonito.

 Cerca de 200km depois paro em Junin, que não é nada mais que um entroncamento de várias estradas. Parei para descansar dos caminhões e dos barbeiros. Cinco minutos na lanchonete do posto e lá estava um rapaz tirando fotos... cara muito legal, ele e mais dois amigos. Conversa vai conversa vem, eles confirmaram que San Rafael é mais bonito, que tem uns passeios legais e que a estrada é vazia!!  Isto foi como ouvir J. S. Bach: “Estrada vazia”!!!


Os amigos em Junin, gente legal!!!


A mudança de caminho para S Rafael começava justamente em Junin. E depois de uns 15km a coisa se revelou: asfalto perfeito, largo e vaaaziiiiooooo!!!

Um detalhe interessante, a região de Buenos aires está a cerca de 70m de altitude em média. Perto de Junin existe um platô com cerca de 250m de altitude. Nesta região o solo é negro, cheio de lagoas e uma agricultura sofisticada. Plantações de grãos até perder de vista. Depois de uns 300km, vem outro platô em média a 400m de altitude... só pastos. Cercas e gado bem cuidados e não se vê vaca magra. Mais 200km, 600m de altitude e a coisa vira um solo arenoso, com uma vegetação de cerrado e nada de fazendas nem vilarejos e nem de gasolina.



Acima-  Não passa ninguém, é plano a perder de vista, seco e muito quente.
Abaixo- Adivinha o que eu fiz nesta sombra de árvore?



Agricultura de primeiro mundo, solo fértil e água.



Uma reta sem fim...  reta e mais reta... as poucas curvas eram feitas sem sequer reduzir...   sol e mais sol... lá pelas três da tarde a temp era de 38 graus. Velocidade livre, eu andava entre 140 e 160...  horas a fio a 160... (rarleiros prestem atenção...) para me distrair eu contava quantos km até aquela árvore lá no horizonte, dava 13, 17, 19km. Parava só para tirar foto, comer frutas e beber a agua que estava fervendo. Silencio e calor. E Ninguem....



Esta é realmente a menor distancia entre A e B...


Combinei um encontro com elas em São Paulo...  no Fogo de Chão!

Como todos os postos que eu via estavam abandonados faz tempo, perguntei ao guarda da policia caminera e ele informou que o prox. posto estava  a 180km, ou eu retornava 50km. Eu acreditava que tinha uns 190 de autonomia (num é só acelerar, tem que fazer contas e saber bem o que sua moto faz da vida...). Foram 186km andando a 120 cravados (vel. de maior alcance), cheguei ao posto com todas as  luzes de reserva e low fuel piscando. Antes da gasolina, fui direto à lanchonete e tomei 750ml de agua gelada de um gole só!!


Reparem a mudança de vegetação, a estrada encolhe e a temperatura aumenta...  ... não aparece nem uma cascavel para te fazer companhia...


Hummm, você está espantado com os números...  veja as imagens do GPS: tempo total de viagem 11:01, 8:28 delas andando (sim parei para uma siesta em baixo de uma arvore!).  984 km percorridos no dia 24 e 2.229 desde porto alegre. Não... não dá pra fazer isto de Rarlei-deivizon!




A liha azul no mapa é o percurso desde Jose Ignacio. O techo na argentina foi feito em dia... faaaaacil ...

Lá pelas 19:00, o sol ainda alto no céu, deu para começar  a perceber o contorno da cordilheira do Andes no horizonte. Difícil descrever a sensação. Não tirei fotos... você precisa viver isto!!

Chegando em San Rafael, reaparecem a vegetação e os postos de gasolina. È bonito para quem andou os últimos 300km no cerrado. A temperatura as 20:00 eram de tranquilos 29 graus. Parei num taxi e fiz a famosa pergunta que já fiz em vários lugares neste últimos anos:

 ” Onde fica o melhor hotel de cidade ???"



3 comentários:

  1. Estou adorando a viagem...
    Nunca viajei 1000 km num dia só...
    Estou com o Raphael, amanhã acompanharei de casa;
    Feliz Navidad...
    Mamãe

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  2. Kiko, ... máximo, tô morrendo de inveja desta liberdade toda .... capricha nas fotos dos Andes. Ia falar pra você ir pela sombra..... mas tá difícil ! Bjs
    Tata

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  3. Oi Kikoo!!!
    Esta incrivel acompanhar esta sua viagem...pareçe que estamos juntos com vc...mto bom.
    Da proxima vez qro ir tbem..rsrsrs
    Te cuida qrido!!!
    Mtos beijoss Silvana

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