sábado, 25 de fevereiro de 2017

Cablecarril la Mejicana Chilecito- O teleférico até o nada !



O leitor já sabe que meu roteiro para esta viagem foi montado buscando chegar do nada a lugar nenhum. Pois bem, mas por que eu vim parar justo neste lugar? Por que aqui, no meio do nada, ha um monumento fantástico!!!






































Acima: Manhã em Chilecito, a cidade está no vale e atras esta a colossal Cuesta de La Rioja. Ínti ja reina no céu.A foto foi tirada de oeste para leste.

Durante o século XIX, Chilecito foi fundada para explorar uma pequena mina de ouro e prata, chamada Mina del Rio Ocre. Tudo era derretido na prospera fundição La FlorentinaO lugar se chama Chilecito por conta da população de mineiros trazidos do Chile para cavar nesta montanha. Não havia indios por aqui...



O Rio Amarillo, entrando por este vale ainda se consegu visitar 
a antiga mina do sec XVIII. Ao fundo o General Belgrano (6.097m)onde fica La Mejicana.
Ainda dá para visitar as instalações da antiga mina, nas em uma moto pequena, não com a Rocinante










































No final do seculo XIX foi descoberta a mina La Mejicanacom um grande veio de ouro, prata, cobre e chumbo. De repente Chilecito e a vila de Famatina se tornaram os lugares mais importantes de mineração na Argentina!  


Só havia um ligeiro incômodo: os veios ricos da Mejicana se encontram nas fraldas do Cerro Famatina, a 4.600m de altitude, o que tornava o processamento do minério algo totalmente inviável. 


Manter uma grande tropa de mulas neste lugar desértico é completamente impossível. A solução para transportar o material das minas até La Florentina foi construir o que na época foi uma das maiores obras de engenharia do mundo, o Cablecarril (Teleférico). 


Acima: Tudo isto foi montado na Inglaterra e Alemanha, veio de navio, trem e lombo de burro.  

Abaixo: Neste ponto, bem perto da atual rodovia, ficava a estação de trem na cidade e o aparato para carregar vagões de trem com o minério ja processado.







Acima: Ha destas caçambas pela cidade toda... consta que eram mais de 550 nas  mais variadas formas e para as mais variadas cargas.



Acima e abaixo: Nas instalações da Fundición Santa Florentina (Alt.: 1.530m)ficam as primeiras maquinas motrizes e uma estação de troca das vagonetas. 



Acima a abaixo:  A estrutura não está pintada de vermelho....   ela está enferrujando lentamente ha quase cem anos!!!






Acima: Os cabos deixam a estação e rumam para a mina, 3.000m acima!!! 

Foto tirada por volta das nove da manha... Em poucos minutos o magnífico Gen. Belgrano estava sob nuvens.Quando cheguei ao hotel não dava mais para ver nada da serra de Famantina.








Acima: São cerca de 8km de cabos pelo vale, onde hoje ha uma larga ( e deserta...) avenida de 4 pistas...

Foto com neve: Serra de Famantina e gen. Belgrano

Foto sem neve: Cuesta de La Rioja













Concluído em 1905 a engenhoca tem 35 km de extensão, conta com 550 pequenas cubas com capacidade para transportar 12.000 toneladas por mês de minério bruto. Em alguns pontos o teleférico passa a 450m acima do solo! São 262 torres sustentando 100km de cabos de aço. O projeto de expansão da mina foi abortado quando a guerra começou em 1914 e os britânicos se retiraram. Outras empresas continuaram até 1926, quando o projeto fechou para sempre.

E apesar de o lugar estar abandonado, ainda há ouro lá!!!

Eu tentei contratar um guia em uma caminhonete para me levar até o complexo das minas
, no topo do cerro Gen. Belgrano. Mas me pediram um valor abusivo e o horário do passeio me tomaria um dia todo. Eu deveria seguir para a vila de Famantina e de lá mais coisa de 6 ou 7 horas de caminhonete para subir e descer.  Mudei de ideia e me contentei em visitar a central do Cablecarril aqui mesmo, em Chilecito. 

Antes de falar mais sobre o passeio por Chilecito, vale um comentário.

Famatina (alt. 1.570m - 33km ao norte daqui) é um pequeno povoado que existe desde o século XVI. A vila fica sobre uma pequena elevação entre dois rios que passam completamente secos a maior parte do ano. O nome da vila vem do Quéchua, significa Madre de los metales.

O lugar que parece pacato é palco de um sério conflito. Hoje seus 6.000 corajosos habitantes estão dedicados a resistir às mineradoras. Nos últimos anos expulsaram três empresas multinacionais de mineração. Todas tinham aprovação da província de La Rioja e apoio da infeliz Sra. Kirchner, mas não respeitaram a Lei de los Glaciares, que exige que o glaciar que provê água para uma região seja preservado. Se houver algum risco de desabastecimento ou contaminação, o local não poderá ser explorado. Aqui toda a água para a agricultura e para o consumo vem dos delicados glaciares.

Daí surgiram os personagens de sempre: Ambientalistas, padres de passeata e desocupados ripongas. Causaram um tumulto justificado, alegando que a exploração trará a liberação de cianeto e outras substâncias nocivas. Existe uma cancela na entrada da vila que impede a entrada de "suspeitos".


Falando sobre Chilecito: Na parte sul da cidade, fica o complexo inicial e algumas das máquinas do Cablecarril (alt. 1.100m). Muitissimo interessante! O fantástico teleférico segue sentido noroeste por quase e 10km até o pé das montanhas, sobe somente 150m neste caminho.

Naquele ponto fica a Estación no. 2 e o que restou da importante Fundición Santa Florentina. Esta fundição foi o começo de toda a exploração por aqui, foi esta empresa que começou a extrair metais valiosos da montanha durante o século XIX e chamou a atenção dos investidores ingleses.

A fundição usava a água do Rio Amarillo, que tem este nome por conta da água cor ocre. Subindo o leito  deste rio para sentido oeste ainda existe o conjunto de ruínas das minas do seculo XVIII. Dá para se chegar lá em carro ou em uma moto pequena. Eu não quis arriscar quebrar um pé logo no inicio da viagem.


Quase no topo da mina, uma das últimas estações de cablecarril - Foto Google









De onde eu estava o Cablecarril segue sentido noroeste até o topo da montanha, por mais sete estações.  A coisa está da maneira em que foi desligada há 91 anos e nos lugares de dificil acesso ainda se vê os cabos e as caçambas penduradas e imóveis. Como não ha umidade, as coisas por aqui se preservam (e o tempo não passa...) como no dia em que foram desligadas.

 Consta que na parte superior da mina, de onde se extraiu o minério, todos moravam em tendas, as construções de alvenaria eram somente para máquinas. Imagino só a favela que foi aquilo, com todos os problemas humanos e de agressão ao ambiente somados com os efeitos da altitude e frio. 

Hoje quem manda por aqui são os suspeitos de sempre: Intí, o vento congelante e o silêncio. Neste morro, a cordilheira derrotou os Espanhóis, os Ingleses, os Argentinos e vai continuar a derrotar outros otimistas.









Calbecarril Mexicana

https://www.youtube.com/watch?v=1auvHH9hj7U







Gold medals aren't really made of gold. They're made of sweat, determination, and a hard-to-find alloy called guts. Dan Gable

Um comentário:

  1. Oi Kiko, gostei muito do que vi aqui. Preciso falar com você. Dia 08/11 vou até esse lugar. Quando pudermos vamos nos encontrar, Marcel você e eu.

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